Você sabe o que é o transtorno do espectro autista?

Atualmente, cerca de 2 milhões de pessoas são diagnosticadas com autismo no Brasil. Thiago B. é uma delas. “Eu fazia acompanhamento com terapia comportamental e psiquiatra, por conta de depressão e TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade)”, diz. “Um dia comentei algo que, pra mim, era uma besteira: tinha dificuldades de alimentação, como problemas com a textura dos alimentos. Ligando a outras características, minha médica levantou a hipótese de ser autismo”. Ele foi diagnosticado aos 31 anos de idade, em 2018.

O transtorno do espectro autista (TEA) pode ter diferentes características, marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico e relacionadas com alguma dificuldade no relacionamento social. “A pessoa no espectro autista tem dificuldades de comunicação e de reciprocidade social, além de interesses repetitivos e seletivos”, explica Carlos Takeuchi, neurologista pediátrico do Instituto PENSI, do Hospital Sabará Infantil. “O grande motivo da procura pelo médico é o atraso de fala e de crianças que interagem muito pouco. No consultório, você consegue identificar uma série de outras características clínicas, como a falta de interação, a falta de interesse pelos brinquedos, e andar em direções sem propósito”, completa.

Segundo Takeuchi, é preciso um olhar atento para perceber possíveis traços do autismo. Ele conta que uma das maiores dificuldades do diagnóstico é justamente quando a criança fala, já que o “não falar” é erroneamente associado como o principal atributo no TEA. Por isso, a importância da atenção constante.

“E quanto mais cedo o diagnóstico, mais cedo implementadas as terapêuticas – e melhor para que a criança consiga desenvolver uma comunicação e socialização adequadas”, diz o médico. No caso de Thiago B., o diagnóstico chegou já na fase adulta, mas as mudanças foram significativas.

“Eu fiquei mais tranquilo. Sempre achei que eu era estranho, mas agora sei que há um ‘motivo’ para isso. Não fiquei tão impactado, mas entendi muito mais sobre as dificuldades que tenho”, conta.

De acordo com o neurologista, tem sido cada vez mais comum que os pais, ao buscarem a ajuda médica para os filhos, perguntem se há a possibilidade de serem, também, autistas. “Quando recebemos essas crianças, percebemos um pai ou outro que tenha também um comportamento ‘estranho’. E realmente, muitos aparentam ter algumas das características do transtorno”. Ele aconselha que, se há dúvida, o ideal é buscar um profissional capacitado para fazer a avaliação e o diagnóstico preciso.

Ainda não há uma cura para o transtorno, e a ciência trabalha com a possibilidade de múltiplas causas para essa condição. Takushi explica que, no entanto, todos os casos têm em comum a importância da interação familiar e das pessoas que cercam um paciente de TEA. “Há um número estipulado de horas de terapia. Mesmo que você consiga realizá-las integralmente, sobram as horas de convívio com a família. Ou seja: tem que ter o engajamento de todos para que o tratamento seja efetivo.”

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