Tudo o que você precisa saber sobre a varíola dos macacos

Declarada como emergência internacional pela Organização Mundial da Saúde, a OMS, a varíola dos macacos é uma doença transmissível, que se espalha rapidamente, via contato humano. Embora não seja um surto de alta letalidade, como foi com a pandemia de Covid-19, não deixa de demandar cuidados e atenção.

Leia também:
Fake news: como não cair nessa cilada quando o assunto é saúde

Infectologista e gerente de Controle de Infecções do Hospital Albert Einstein, Paula Tuma nos explicou, em detalhes, o que é e como se proteger da varíola dos macacos. Confira:

O que é a varíola símia (varíola dos macacos)?

A varíola dos macacos é uma doença causada pelo vírus Monkeypox. Trata-se de uma doença zoonótica viral, e a transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com animal ou pessoa infectada, ou ainda com material corporal contendo o vírus.

Como ocorre a transmissão da varíola dos macacos?

A transmissão entre humanos ocorre principalmente por meio de contato pessoal com secreções respiratórias, lesões de pele de pessoas infectadas ou objetos recentemente contaminados. A erupção geralmente se desenvolve pelo rosto e depois se espalha para outras partes do corpo, incluindo os órgãos genitais. Os casos recentemente detectados apresentaram uma preponderância de lesões na área genital. Quando a crosta desaparece, a pessoa deixa de infectar outras.

Quais são os sinais e sintomas?

O período de incubação (intervalo desde a infecção até o início dos sintomas) é geralmente de seis a 13 dias, podendo variar de cinco a 21 dias. A infecção pode ser dividida em dois períodos:

– O primeiro é o período febril (entre os dias 0 e 5), caracterizado por febre, cefaleia (dor de cabeça) intensa, adenopatia (inchaço dos gânglios linfáticos), dor nas costas, mialgia (dores musculares) e astenia intensa (falta de energia).

– O segundo é o período de erupção cutânea (entre 1 e 3 dias após o início da febre), quando aparecem as marcas na pele. Geralmente, afeta primeiro o rosto e depois se espalha para o resto do corpo. As áreas mais afetadas são a face (em 95% dos casos), as palmas das mãos e as plantas dos pés (em 75% dos casos). Também são afetadas as mucosas orais (em 70% dos casos), genitália (30%) e conjuntiva palpebral (20%), bem como a córnea. Em casos graves, as lesões podem se juntar até que grandes porções de pele se desprendam. É geralmente uma doença autolimitada, com sintomas que duram de duas a quatro semanas.

É uma doença letal?

Historicamente, a taxa de letalidade da Monkeypox variou de 0 a 11% na população em geral, e tem sido maior entre as crianças. Nos últimos tempos, a taxa de mortalidade dos casos foi de cerca de 3%.

Como posso me proteger?

Alguns pontos importantes são:

– Sempre discutir com o seu parceiro sexual se há alguma lesão de pele recente inexplicável, incluindo em região anal e genital;

– Evitar contato íntimo, incluindo sexo, com pessoas que apresentam lesões na pele;

– Praticar boa higiene;

– Evitar contato com materiais manipulados por ou com animais de pessoas infectadas.

Há vacinas para a varíola dos macacos disponíveis no Brasil?

Por enquanto, não há uma vacina registrada no Brasil. Entretanto, em outros países, como nos Estados Unidos, as vacinas Jyneos e Acam 2000, utilizadas para proteção contra varíola símia, são indicadas como prevenção pré e pós-exposição.

Caso eu tenha algum sintoma, o que devo fazer?

Você deve procurar assistência médica caso apareça alguma lesão de pele ou em genitais, com ou sem ocorrência de febre, ou aumento de gânglios. As pessoas infectadas ou com suspeita de infecção por Monkeypox devem permanecer isoladas até todas as lesões estarem epitelizadas (regeneradas e secas).

Matérias
relacionadas