Tenho uma doença crônica. Devo evitar o hospital por causa do coronavírus?

Quem tem uma doença crônica está suscetível a desenvolver o quadro mais grave de Covid-19, causada pelo novo coronavírus. Mas, ao mesmo tempo, esse pacientes não devem deixar seus tratamentos sob o risco de terem complicações no quadro de saúde que podem ser fatais. As chamadas doenças crônicas não transmissíveis lideram as causas de morte no mundo – cerca de 38 milhões por ano segundo a Organização Mundial da Saúde.

“Cardiopatas, hipertensos, diabéticos, portadores de doença respiratória crônica, pacientes oncológicos em tratamento de radio ou quimioterapia, transplantados e pessoas com doença renal crônica, por exemplo, não devem suspender seus tratamentos e sempre procurar os serviços de saúde caso tenham qualquer condição de agravamento de sua doença”, afirma a infectologista e consultora da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Camila Almeida.

A especialista afirma que os serviços de saúde têm adotado medidas para garantir a continuidade do cuidado de quem precisa com segurança em meio à pandemia de Covid-19.

“A estratégia utilizada pelos hospitais envolve a rápida identificação de pacientes com sintomas respiratórios e a separação dos fluxos de atendimentos a pacientes com Covid de outros pacientes. Toda rotina de realização de exames e procedimentos também estão sendo segregadas”, explica Camila.

Alguns hospitais destinam alas de internação e unidades de terapia intensiva somente para pacientes contaminados pelo coronavírus, evitando, assim, o contato entre pacientes que procurem o hospital por outras causas e minimizando o risco de infecção.

A infectologista explica que o paciente também pode adotar algumas ações que reforçam a segurança quando precisar ir ao hospital. A primeira delas é usar máscara, recomendação que vale para todas as pessoas que precisem sair de casa durante o isolamento social imposto pela pandemia. Também levar consigo álcool em gel para a higiene da mãos, principalmente após tocar em objetos hospitalares e compartilhados.

“Levar apenas um acompanhante, diminuindo a circulação de pessoas no ambiente hospitalar, e manter o distanciamento de um metro das outras pessoas em ambientes comuns, sempre que possível, também são medidas que protegem”, diz Camila.

A médica afirma que ainda existe muita especulação e medo sobre formas pouco prováveis ou inviáveis de contágio pelo coronavírus. “Alguns pacientes acreditam que a doença pode ser transmitida pelo ar dentro do hospital ou que o vírus possa atingi-lo somente de passar na calçada. Os pacientes precisam ser esclarecidos sobre as principais formas de contágio da doença, que envolvem o contato próximo e direto, principalmente com pacientes sintomáticos ou objetos contaminados com secreção de pessoas infectadas”, diz Camila.

As doenças crônicas são também responsáveis por um grande número de internações e, se os pacientes deixarem de fazer o acompanhamento, pode acarretar em uma outra sobrecarga do sistema de saúde futuramente. “A perda da qualidade de vida dos pacientes com o agravamento da doença também gera impacto econômico, não só com os gastos com internação, mas também com as despesas geradas em função do absenteísmo, aposentadorias e óbitos da população economicamente ativa”, analisa Camila.

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