Setembro Amarelo: especialistas falam sobre a importância da prevenção ao suicídio

Considerado uma questão de saúde pública, o suicídio acende um alerta em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde, apenas no primeiro ano da pandemia, 53 milhões de pessoas desenvolveram depressão e 76 milhões tiveram ansiedade. No total, os 129 milhões de novos casos representaram uma alta de 28% e 26% de incidência desses transtornos.

O Setembro Amarelo, campanha de prevenção ao suicídio organizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), é mais uma oportunidade de chamar a atenção para essas questões, e destacar a importância de se falar sobre saúde mental.

Psiquiatra integrante do corpo clínico do Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo (RS), Juliano Nogara acredita que pensar sobre os transtornos mentais é prevenir o suicídio. “O grande objetivo do Setembro Amarelo é lembrar que devemos cuidar da saúde mental e avaliar se está tudo bem consigo. A melhor forma de fazer isso é procurar um profissional de saúde mental, um médico psiquiatra e um psicólogo”, diz.

Para Gabriela Pinheiro Reis, psicóloga da Fundação São Francisco Xavier, a campanha é fundamental para a conscientização e a promoção da informação correta. “E, principalmente, incentivar pessoas que estejam passando por momentos difíceis a buscarem ajuda”, comenta.

Fatores de risco

As principais doenças mentais associadas ao suicídio são a depressão, a bipolaridade e a esquizofrenia. A depressão existe em vários níveis, desde a mais leve à mais grave. Entre os principais sintomas estão: tristeza profunda, desânimo (dificuldade em realizar tarefas cotidianas, como levantar da cama, tomar banho, trabalhar) desesperança e baixa autoestima.

O transtorno da bipolaridade é caracterizado pela alternância de dois estados emocionais opostos, caracterizado por períodos de extrema tristeza ou intensa euforia, essa última também conhecida como mania. “Acredita-se que, se não fosse a fase depressiva da bipolaridade, uma pessoa não teria tendência suicida. Mas é ao contrário. Na fase depressiva ela não tem forças para isso. Já na mania, ela adquire essa força vital”, explica Gabriela Pinheiro.

A esquizofrenia é um distúrbio da mente dividida e é marcada por surtos em que o mundo real acaba substituído por delírios e alucinações. “Ela é considerada um fator de risco para o autoextermínio por causa das alucinações e delírios, quando o indivíduo ouve vozes ou vê coisas que podem levá-lo a cometer um ato fatal”.

Alguns sinais de alerta devem ser monitorados e observados com atenção. Um dos principais é quem já passou por uma tentativa de suicídio, pois, quem já tentou uma vez, pode fazê-lo novamente.

Outro sinal importante são discursos que remetem a um vazio existencial, ou seja, indivíduos que vivem dizendo frases como “a vida não tem graça”, “não vejo sentido na minha existência”, “eu sou um peso para vocês”. “Esse tipo de discurso não deve ser ignorado por amigos e familiares”, alerta a psicóloga.

Como ajudar

As doenças mentais precisam ser encaradas sem preconceito. “Não é frescura. Depressão, bipolaridade e ansiedade são doenças que devem ser diagnosticadas e tratadas o quanto antes”, enfatiza Pinheiro.

É importante sempre manter uma rede de apoio, formada por amigos e familiares, como porta de entrada para outras medidas que devem ser tomadas. O próximo passo é procurar a ajuda de um especialista, o qual terá as ferramentas necessárias para ajudar as pessoas com transtornos mentais.

Nogara faz a mesma recomendação. Segundo o especialista, há alguns mecanismos que podem funcionar como forma de prevenção, como a importância de se manter uma rede de apoio. “É importante acolher a pessoa que está sofrendo. Na maioria das vezes, a ideação suicida está relacionada a duas situações: um pedido de socorro e/ou um grito de dor”, afirma.

Fonte: edição dos textos originados pelo Hospital São Vicente de Paulo (RS) e pela Fundação São Francisco Xavier (Hospital Márcio Cunha)

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