Semana Mundial da Imunização: por que vacinas importam tanto?

Vacinas salvam vidas. Entenda a importância da imunização para os indivíduos e para a sociedade — e tire suas dúvidas

Todo ano, a última semana de abril é dedicada à conscientização sobre a importância das vacinas. A Semana Mundial da Imunização, estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e celebrada em todo o mundo, busca relembrar os avanços da medicina para proteger as pessoas de doenças que hoje são preveníveis.

A vacinação é uma das estratégias comprovadamente mais eficazes para preservar a saúde da população e prevenir doenças infecciosas. Ela contribui para reduzir a disseminação desses agentes na comunidade, protegendo tanto os imunizados quanto aqueles que não podem ser vacinados por motivos de saúde.

Além de salvar vidas, a vacina evita internações, agravamento das doenças, sequelas, sobrecarga dos sistemas de saúde e reduz custos ao prevenir enfermidades que demandam tratamentos complexos e prolongados.

De acordo com a OMS:

  • Desde 1974, vacinas já salvaram aproximadamente 154 milhões de vidas — isso significa seis vidas salvas por minuto nos últimos 50 anos.
  • Neste mesmo período, as vacinas reduziram em 40% as mortes de bebês e crianças pequenas — a vacina contra o sarampo, sozinha, corresponde a mais da metade dessas vidas salvas.
  • Hoje, existem vacinas contra mais de 30 doenças letais que agora são absolutamente preveníveis.

No entanto, mesmo com esses avanços comprovados e a segurança médica por trás das vacinas, ainda existe muita desinformação que coloca em risco a saúde da população e das gerações futuras.

Ainda segundo a OMS, em 2023 cerca de 22 milhões de crianças não tomaram o que deveria ter sido sua primeira dose da vacina contra o sarampo.

Vacinas salvam vidas, e entender isso é o primeiro passo para proteger a si mesmo e às pessoas que você ama. Para compreender melhor como elas funcionam, conversamos com Thiago Morbi, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Veja a seguir:

O que é a vacina?

Vacinas são substâncias preparadas para proteger contra doenças graves e, muitas vezes, fatais. Elas são administradas desde a infância até a vida adulta.

São produtos biológicos que estimulam a defesa do corpo contra microrganismos (vírus e bactérias) que causam doenças. Podem ser produzidas a partir de microrganismos enfraquecidos, mortos ou de seus derivados.

Ao estimular as defesas naturais do corpo, as vacinas preparam o organismo para combater a doença de forma mais rápida e eficaz.

“As vacinas funcionam estimulando o sistema imunológico a reconhecer e combater agentes infecciosos”, explica o infectologista.

Ou seja, ao receber a vacina, o corpo desenvolve uma resposta imune com produção de anticorpos e células de memória — que permitem uma reação rápida e eficaz caso haja exposição futura à doença.

“Esse processo é seguro, controlado e proporciona proteção duradoura, embora, em alguns casos, doses de reforço sejam necessárias”, destaca o médico.

Por que se vacinar?

Vacinas são seguras. Elas protegem e salvam vidas — não apenas de bebês e crianças, mas de todas as pessoas. No entanto, as coberturas vacinais têm diminuído com a disseminação de fake news sobre vacinação.

A imunização ajuda a proteger crianças, adolescentes e adultos contra doenças que podem causar sérias consequências e até a morte.

A importância de vacinar bebês e crianças

Os recém-nascidos têm o sistema imunológico ainda imaturo, o que os torna mais vulneráveis a infecções graves.

“O calendário vacinal infantil é estruturado para oferecer proteção desde os primeiros dias de vida, com vacinas como BCG e hepatite B. Seguir rigorosamente este calendário é crucial para garantir uma proteção oportuna e adequada, prevenindo doenças de alta letalidade, como coqueluche, meningites e hepatites”, diz Morbi.

Também é importante observar que a adesão ao esquema vacinal é um ato de responsabilidade coletiva, que protege outros bebês e indivíduos imunocomprometidos.

Ou seja, existem pessoas que não podem se vacinar por motivos médicos — quando a maioria da população está vacinada, essas pessoas também ficam protegidas, pois a circulação da doença se torna rara ou até inexistente.

Mais vacinas e menos desinformação!

Enfrentar os movimentos antivacina é um desafio global. Afinal, a não vacinação afeta a saúde de toda a população — não apenas daqueles que não se vacinam. Isso compromete a chamada imunidade coletiva (ou “de rebanho”), que ocorre quando um número suficiente de pessoas está vacinado e a doença não consegue se espalhar facilmente.

Sobre o crescimento dos movimentos antivacina, Morbi acredita que “trata-se de um fenômeno com muitos fatores, muitas vezes ligado à desinformação, a receios ou à desconfiança nas instituições”.

É essencial reforçar que as vacinas passam por rigorosos processos de pesquisa, ensaios clínicos e monitoramento após sua distribuição. São intervenções seguras, baseadas em décadas de evidência científica, e responsáveis pela redução drástica da mortalidade infantil e de epidemias ao longo do século 20.

“É importante abordar essas pessoas com empatia, escuta ativa e informação clara para reconstruir a confiança e proteger a coletividade”, completa o médico.

A prova da importância de combater a desinformação está no retorno de doenças que já haviam sido erradicadas no Brasil por falta de cobertura vacinal, como sarampo, rubéola e difteria.

“O sarampo é um exemplo emblemático: reemergiu no país após a perda do certificado de eliminação, demonstrando o impacto direto da hesitação vacinal e da redução da cobertura mínima preconizada pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações)”, diz o infectologista.


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