Dia da Saúde e da Nutrição reforça a importância da alimentação adequada

A alimentação adequada e saudável é um direito humano básico. Isso quer dizer que os governos precisam garantir o acesso ao alimento de forma perene – ou seja, para sempre – e, de preferência, que seja fresco e nutritivo (como verduras, frutas e legumes).

Nos últimos anos, porém, o Brasil tem demonstrado dados alarmantes de insegurança alimentar (quando as pessoas não têm acesso a uma alimentação adequada e regular) e, consequentemente, de desnutrição infantil.

Um estudo recente da Pastoral da Criança revelou que o índice de crianças desnutridas no país passou de 3%, em 2020, para quase 5% em 2022. Já um levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria, com base nos dados do Ministério da Saúde, alertou que, todos os dias, uma média de 11 crianças menores de cinco anos são internadas por desnutrição no Brasil.

O Saúde da Saúde conversou com uma especialista para entender mais sobre o assunto. Confira, a seguir, a entrevista com a nutricionista Isis Kawana Ferreira, do Serviço de Suporte Nutricional do Hospital Pequeno Príncipe:

O que é desnutrição?

A desnutrição é uma condição clínica que resulta de alguma deficiência de um ou mais nutrientes, e pode ser classificada como:

  1. Desnutrição primária: causada por privação de alimentos ou de nutrientes por baixa ingestão alimentar, devido a problemas sociais, econômicos e tabus alimentares. Neste ano, por exemplo, acompanhamos notícias sobre os indígenas yanomamis.
  2. Desnutrição secundária: ingestão alimentar insuficiente porque o organismo está “gastando” mais energia. Geralmente está associada a alguma condição clínica, como problemas de digestão ou absorção, câncer, verminoses etc.

Como podemos desmistificar esse senso de que “é só comer que passa”?

[Para resolver a questão,] não é só dar alimento para que a pessoa se recupere, não é bem assim… Por isso, o acompanhamento e a investigação são muito importantes para o tratamento correto.

Quais são os sintomas da desnutrição?

Fadiga, desidratação, tontura, perda de peso, baixa estatura. Em alguns casos, pode ocorrer problemas como inchaço, diarreia e vômitos. E, se a desnutrição for secundária a uma doença, pode haver sintomas associados à ela.

Quando é o momento de buscar ajuda médica?

O ideal é que todos tenham acompanhamento em unidades básicas de saúde. Ali, há profissionais que saberão como identificar e tratar a desnutrição, e se há necessidade de encaminhar o paciente para um serviço hospitalar. Sem esse acesso, as pessoas provavelmente só vão procurar ajuda especializada em casos mais graves.

Quando alguém chega desnutrido ao hospital, qual é o procedimento de atendimento?

No atendimento hospitalar, é o médico quem vai avaliar os riscos que o paciente corre naquele momento, e corrigir os mais graves, que podem levar à morte. Por exemplo: hidratar, corrigir distúrbios hidroeletrolíticos (água e eletrólitos), medir glicemia, avaliar se há infecção concomitante etc.

Assim que houver possibilidade de iniciar uma alimentação, essa deve ser feita em pequena quantidade. O aumento da oferta de nutrientes será gradual, para evitar o risco da síndrome de realimentação (uma série de alterações metabólicas causadas pela reintrodução da alimentação após longo período de privação).

Após a alta: que cuidados devem ser seguidos para que o paciente não acabe no mesmo quadro?

Durante o internamento, a família receberá orientações para o pós-alta, como fazer suplementação oral ou nutrição enteral (por sonda). É essencial que a criança tenha acompanhamento ambulatorial ao sair do hospital, que pode ser realizado inclusive pela equipe da unidade básica de saúde.

SAIBA MAIS: O que é uma alimentação saudável?

A alimentação saudável e equilibrada deve:

  • Ser rica em nutrientes, como proteínas, carboidratos, gorduras saudáveis, vitaminas e minerais;
  • Evitar alimentos processados, gordurosos e açucarados;
  • Incluir uma variedade de alimentos de diferentes grupos, como frutas, verduras, cereais integrais e legumes.

Neste post falamos sobre a relação direta entre a boa imunidade e a alimentação, vale a pena conferir!

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