Dezembro Laranja: Verão reacende alerta sobre riscos do câncer de pele

A chegada da estação mais quente do ano, o verão, sempre reacende o alerta para os riscos do câncer de pele, que é o crescimento anormal e descontrolado das células epiteliais, agravado pela exposição excessiva e sem cuidados ao Sol. 

O câncer de pele é o mais comum no Brasil, chegando a representar 31,3% dos tumores malignos registrados no país, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer). Por isso, em 2014 foi criada a campanha Dezembro Laranja, que busca debater o tema com a sociedade para incentivar a prevenção.

Lesões na pele podem levar ao câncer

O câncer de pele ocorre porque o Sol emite radiação ultravioleta, o principal fator de risco para este tipo de câncer. A radiação, por sua vez, induz lesões no DNA, que carrega as informações para a reprodução de células. E essa lesão provocada pela radiação tem dano cumulativo, ou seja, não desaparece com o tempo. 

O câncer de pele pode aparecer de duas formas: melanoma e não melanoma. 

O melanoma se manifesta nas células que produzem a pigmentação (melanina), que determina a cor da pele. São mais raros, representando menos de 3% dos casos. Mas são também os mais graves, porque têm maior probabilidade de se espalhar para outros órgãos do corpo, quando ocorre a metástase.

Já o câncer de pele não melanoma aparece em lesões (feridas ou nódulos). É o tipo mais frequente no Brasil, atingindo quase 30% dos registros. Ele se divide em carcinoma basocelular, de evolução lenta; e o carcinoma epidermóide, que vem de feridas ou cicatrizes de queimadura, com risco de metástase.

Adultos de peles clara têm maior risco

O câncer de pele ocorre, em geral, em adultos acima de 40 anos, devido ao efeito cumulativo dos danos à pele.  Mas, segundo o Inca, esse perfil de idade vem diminuindo. Cada vez mais os jovens se expõem ao Sol sem os devidos cuidados, antecipando o risco de surgimento da doença.

Pessoas de pele clara, com cabelos ruivos ou loiros estão mais propensas ao câncer de pele, se comparadas a outras pessoas de pele mais escura. Mas atenção: é mito que pessoas negras não têm câncer de pele. A possibilidade existe, embora seja mais rara.

Os riscos aumentam se houver histórico de câncer de pele na família, ou se a pessoa trabalhar exposta ao Sol sem proteção, por exemplo.

Fique atento aos sintomas

O câncer de pele pode ser difícil de detectar, porque se assemelha a pintas benignas, manchas e feridas. 

Conhecer bem a pele pode fazer a diferença na hora de reconhecer irregularidades. “As taxas de cura são superiores a 90%, se o câncer de pele for diagnosticado e tratado precocemente”, afirma a dermatologista do Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo (RS), Juliana Mazzoleni Stramari.

Os sinais de alerta são:

– Lesão na pele com formato elevado e brilhante, translúcida, avermelhada, castanha, rósea ou multicolorida, com crosta central e que sangra facilmente;

– Pinta preta ou castanha que sofre mudança de cor, textura, tamanho e fica irregular nas bordas;

– Mancha ou ferida que não cicatriza, que continua crescendo e tem coceira, crostas, erosões ou sangramento.

O diagnóstico final é feito por médico especializado, a partir de um exame clínico ou mediante biópsia – uma cirurgia para remover a pele lesionada, que depois será analisada por um patologista.

“Somente a biópsia é que vai determinar se serão necessários outros tratamentos complementares, como a radioterapia, a quimioterapia e a imunoterapia”, afirma Stramari. 

Protetor solar e chapéu ajudam na prevenção

A forma mais eficaz de prevenir o câncer de pele é evitar ao máximo ficar exposto ao Sol. Para isso, a dica é usar chapéus, óculos escuros, roupas claras de mangas compridas e, claro, o protetor solar.

A recomendação é que o protetor seja aplicado 30 minutos antes da exposição ao Sol, para que seja absorvido pela pele, e reaplicado a cada duas horas. Caso a pessoa entre na água ou tenha suado muito, o produto deve ser reaplicado ainda antes desse prazo, mesmo que a indicação do rótulo indique que o protetor é “à prova d’água”. O fator de proteção (FPS) mínimo indicado é o 15, segundo o Ministério da Saúde. A dermatologista Stramari recomenda ainda mais cautela e o uso do FPS 30.

A aplicação do protetor deve ser em todo o corpo, incluindo mãos, orelhas, nuca e pés. Pessoas calvas devem ter atenção especial à pele da cabeça. Pessoas de pele negra também devem ter cuidado e usar protetor solar.

Para minimizar o impacto da radiação solar, é recomendado evitar a exposição ao Sol nos horários de maior incidência de raios, como das 10h às 16h. E, sempre que possível, permaneça na sombra.

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