Prevenção à obesidade: hábitos saudáveis e prática esportiva são aliados para transformar o estilo de vida

A obesidade será um dos problemas globais de saúde mais graves dos próximos anos. Segundo o Mapa da Obesidade da Abeso – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica, em 2025 serão 2,3 bilhões de pessoas acima do peso no mundo e, aproximadamente, 700 milhões terão obesidade. O Brasil não fica de fora e já há um alerta para o crescimento da doença. A estimativa atual do Ministério da Saúde é que 60% dos adultos (o que equivale a 96 milhões de pessoas) estão acima do peso e, aproximadamente, 1 a cada 4 brasileiros estão com obesidade.

Talvez a briga com a balança seja uma das batalhas mais acirradas deste milênio. Porém, apesar de ser importante monitorar nosso peso no dia a dia, precisamos ter em mente que a balança não é a ferramenta mais apropriada para fazer um diagnóstico de excesso de peso ou até mesmo da obesidade. Esses quadros só podem ser definidos oficialmente a partir de uma sequência de exames especializados, sendo o primeiro deles, normalmente, o cálculo do IMC (Índice de Massa Corporal), que relaciona o peso com a altura. 

Segundo Paula Fábrega, médica endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês de Brasília, o IMC é um norte, mas, sozinho, tem limitações. “Principalmente quando analisamos os extremos, por exemplo, em pessoas com muita massa muscular (fisiculturistas) ou em pessoas com sarcopenia (relacionada ao envelhecimento e comum em idosos), a avaliação da composição corporal também é importante para o diagnóstico de obesidade. Ela pode ser feita pela medição de pregas cutâneas, aparelhos de bioimpedância ou pela densitometria de corpo inteiro (padrão ouro)”, explica a especialista. Segundo Fábrega, existem múltiplos fatores que podem influenciar a condição de obesidade. Entre eles, os fatores endógenos, que vêm do próprio organismo, como a predisposição genética, e os exógenos, sobre os quais é possível ter mais controle.

Insulina e outros hormônios relacionados à obesidade

Uma das principais consequências da obesidade é o desenvolvimento da diabetes tipo 2, uma doença crônica caracterizada pela resistência das células à insulina. Essa resistência eleva os níveis de açúcar no sangue e o excesso dessa glicose pode levar a complicações no coração, nas artérias, nos olhos, nos rins e nos nervos. “A prática de atividade física, principalmente de exercícios resistidos (musculação), é capaz de aumentar os receptores de insulina na musculatura, reduzindo a resistência à insulina e melhorando o índice de glicose no sangue por até 48 horas”, explica a endocrinologista. E os benefícios dos exercícios físicos não param por aí. É possível diminuir os níveis de cortisol – também responsável por aumentar os níveis de glicose no sangue – e melhorar a produção de GH, um redutor dos efeitos da insulina. 

Outros benefícios dos exercícios regulares são o aumento de  hormônios como a irisina, que ajuda a desinflamar o tecido adiposo, a diminuição da grelina, conhecida como o hormônio da fome e responsável por ativar o gatilho da compulsão e, por último, a resistência hipotalâmica à leptina, o hormônio que dá a sensação de saciedade. 

Atividade física é fundamental no controle da obesidade

Por ser uma doença crônica, o tratamento da obesidade é complexo e geralmente precisa da adoção de mudanças radicais no comportamento, que incluem pilares fundamentais como alimentação balanceada, atividade física regular, informação de qualidade, ambientes sociais saudáveis, monitoramento da saúde e sono adequado. A mudança do estilo de vida sedentário pode ser uma ótima estratégia para começar os cuidados e a atividade física é uma grande aliada para quem vai enfrentar um tratamento complexo, pois contribui para melhorar o controle das calorias, o controle glicêmico, o aumento da massa muscular, a redução do risco de doenças cardiovasculares, o controle do apetite e o bem-estar psicológico.

Só que é claro que o desejo por um estilo de vida mais saudável é complexo e exige bastante dedicação. A boa notícia é que nos últimos anos, o interesse por assuntos e práticas relacionadas à saúde, prevenção e bem-estar vem crescendo, devido a um maior acesso às informações e também por causa da pandemia de Covid-19, que acabou deixando as pessoas mais alertas em relação à imunidade. 

Além dos exercícios, faz parte dos hábitos saudáveis alguns cuidados básicos como beber mais água, sair com os amigos, fazer atividades ao ar livre e visitar especialistas e médicos capacitados quando necessário contribuem para a adoção e manutenção de um estilo de vida mais saudável. Antes de tomar qualquer medida, também é muito importante buscar sempre informações confiáveis, como você encontra aqui, no Saúde da Saúde.

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