Preservativo e testagem: como se cuidar quando o assunto é IST

Quebrar a cadeia de transmissão de uma infecção sexualmente transmissível (IST) deveria ser tarefa das mais fáceis – no entanto, tem se mostrado o oposto. Dados de 2019, da última Pesquisa Nacional de Saúde, do IBGE, indicam que, das pessoas com 18 anos ou mais que tiveram relação sexual nos 12 meses anteriores à entrevista, apenas 22,8% relataram usar preservativo em todas as vezes.

As IST são infecções sexualmente transmissíveis causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos. São transmitidas, principalmente, por meio de contato sexual com uma pessoa que esteja infectada.

Embora a prevenção, diagnóstico e tratamentos sejam relativamente simples (e disponíveis de maneira gratuita no sistema público de saúde), o tema é permeado por entraves. “O estigma acaba afastando as pessoas da testagem, o que resulta em mais e mais pessoas infectadas. Em 2016, voltamos a um patamar de pessoas com sífilis semelhante ao da década de 1950”, explica a epidemiologista do Hospital Moinhos de Vento, Eliana Wendland.

Segundo a especialista, é preciso investir na educação sexual e na comunicação massiva para que o assunto não seja visto como um tabu e, consequentemente, que as pessoas procurem ajuda médica. “Às vezes, o paciente testa positivo para uma IST e até começa o tratamento, mas fica com vergonha de avisar os parceiros sexuais. Ou seja, a transmissão continua. É preciso entender a importância de falarmos sobre o assunto abertamente”, diz.

Eu me expus a uma situação de risco. O que fazer?

Wendland explica que, quanto antes testar, melhor. Com o diagnóstico precoce, o tratamento tem início mais rápido e o risco da doença evoluir para um problema mais sério diminui. “Atenção apenas para a janela imunológica: caso você teste no dia seguinte, por exemplo, a chance de dar negativo é maior. O indicado é, caso dê negativo, refazer o teste dentro de um período de três meses”.

No entanto, a médica ressalta que a palavra de ordem é prevenção. “Para se proteger, é preciso fazer sexo seguro independentemente da idade, ou seja, sempre usar preservativo. Caso você não saiba o status sorológico do parceiro, é ainda mais importante”, recomenda a epidemiologista. “Também é importante fazer testagens periódicas de HIV. Em caso positivo para o vírus, o diagnóstico precoce é imprescindível para realizar um tratamento adequado e para que os indivíduos não transmitam a doença a outros. Se a paciente for gestante, é necessário fazer um pré-natal de qualidade e evitar que haja a transmissão da mãe para o bebê”, orienta.

Existem diversos tipos de IST, mas as mais conhecidas são HIV, sífilis, herpes genital, HPV, gonorreia, infecção por clamídia; hepatites B e C, infecção pelo HTLV (ou Vírus T-Linfotrópico Humano) e tricomoníase. Os sintomas mais comuns são corrimentos, feridas e verrugas, geralmente nos órgãos genitais, podendo ser acompanhados ou não de dor.

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