Estudo revela que periodontite pode se comportar como uma doença genética

Um recente estudo da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) em parceria com a  Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) lança uma nova luz ao entendimento da periodontite, uma das doenças gengivais mais comuns, afetando de 1% a 6% dos brasileiros. Segundo o estudo realizado pela pesquisadora e cirurgiã-dentista Mabelle de Freitas Monteiro, a periodontite pode se comportar como uma doença genética.

A Saúde da Saúde apurou que, até então, a doença gengival em questão era tratada apenas a partir de fatores externos, como a má escovação, o que facilita o aparecimento da placa bacteriana que, acumulada, gera a inflamação da gengiva e outros tecidos bucais, no que consiste a periodontite. Outra característica da doença são as mudanças precoces na composição da saliva. Em casos mais severos, a inflamação gengival pode resultar na perda óssea e na queda dos dentes.

As evidências de doença genética

Segundo a FOP e a Unicamp, a pesquisa consistiu na coleta de amostras de fluídos da gengiva e de placas bacterianas de 30 pais e 36 filhos divididos em grupos iguais de pessoas saudáveis e que apresentavam o quadro crítico da periodontite. Essas amostras foram analisadas nos Estados Unidos, na The Ohio State University (OSU).

Além de serem identificados mais de 400 tipos de bactérias, foi possível encontrar dados que apontam para a periodontite como uma doença genética: segundo a pesquisa, encontrou-se nas amostras das crianças cujos pais possuem a patologia, mudanças precoces na saliva e o aparecimento de placas bacterianas com respostas inflamatórias, o que sugere o desenvolvimento da doença nos anos seguintes.

Tratamento e futuro da pesquisa

A partir de tais evidências, a pesquisa da Dr. Mabelle Monteiro será dividida em três etapas. Inicialmente, será investigado a fundo como esses sintomas precoces de periodontite na cavidade oral das crianças se desenvolve ao longo do tempo. Paralelamente, será verificado o potencial das crianças desenvolverem a patologia do ponto de vista genético.

Por fim, a terceira e última etapa sugere o Triclosan como opção de tratamento medicamentoso para o caso. A sugestão será estudada após a autora constatar que o  uso habitual de cremes dentais comuns para controlar a placa bacteriana não obteve resultados satisfatórios no caso dos pacientes estudados. Segundo Mabelle, em sua pesquisa, o acompanhamento e tratamento de cáries e outras patologias bucais através da melhora da higiene é importante, mas o dentista também deve estar atento ao histórico dos pais da criança que está sendo tratada, além de dar atenção especial às inflamações que podem surgir na gengiva de quem se enquadra nesse grupo onde a patologia pode ser um herança genética.

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