A prevenção, o diagnóstico precoce e o rastreamento do câncer de mama estão no centro das ações do Outubro Rosa. Criada no começo da década de 1990, a campanha internacional tem como símbolo o laço cor-de-rosa e promove a conscientização em torno da doença, com o objetivo de reduzir a incidência e as taxas de mortalidade.
O câncer de mama é o que mais afeta mulheres no mundo todo. Só em 2021, a doença matou 18.139 mulheres, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). “Para o Brasil, foram estimados 73.610 casos novos (…) em 2023, com um risco estimado de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres”, informou o órgão. Registros em homens são bastante raros, mas também existem: somam 1% do total.
A doença se caracteriza pelo desenvolvimento anormal das células da mama, que se multiplicam repetidamente até que se forma um tumor maligno e com potencial de se alastrar por outros órgãos. Segundo o que informa o Inca, há vários tipos de câncer de mama. Alguns se desenvolvem rapidamente, e outros, não. E a maioria dos casos tem boa resposta ao tratamento, principalmente quando diagnosticado e tratado no início.
Sintomas e sinais suspeitos
Ainda de acordo com Instituo, os principais sintomas e sinais suspeitos da doença são:
- Caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor. Esta é a manifestação mais comum de câncer de mama – aparece em 90% dos casos.
- Pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja.
- Alterações no bico do peito (mamilo).
- Saída espontânea de líquido (secreção) de um dos mamilos.
- Pequenos nódulos no pescoço ou nas axilas.
Embora essas alterações possam não decorrer, necessariamente, de um quadro de câncer de mama, elas precisam ser averiguadas o mais rapidamente possível. “Qualquer caroço na mama em mulheres com mais de 50 anos deve ser investigado!”, alerta a cartilha “Câncer de mama: Vamos falar sobre isso?”, do Inca. “Em mulheres mais jovens, qualquer caroço deve ser investigado se persistir por mais de um ciclo menstrual.”
Como notar os sinais e sintomas do câncer de mama?
A maioria dos casos de câncer de mama é descoberta pelas próprias mulheres durante autoexame. Para facilitar a percepção de variações naturais e a identificação de mudanças suspeitas, a recomendação é olhar, apalpar e sentir as mamas no dia a dia.
O Ministério da Saúde lembra que “nem todo caroço é um câncer de mama, por isso é importante consultar um profissional de saúde”. O médico pode fazer a avaliação por meio de um exame clínico, observando e apalpando as mamas da paciente. Caso necessário, ele pode indicar a mamografia (veja item abaixo).
“Mesmo que a mulher não encontre nenhuma alteração no autoexame, as mamas devem ser examinadas uma vez por ano por um profissional de saúde!”, recomenda o Ministério.
Como funciona a mamografia, exame de rotina para rastrear o câncer de mama?
Esse exame, que é uma radiografia da mama, possibilita a identificação do câncer antes do aparecimento dos sintomas.
Mulheres de 50 a 69 anos devem fazer mamografia a cada dois anos, recomenda o Inca. No caso de mulheres com menos de 50 anos, o fato de as mamas serem mais densas e terem menos gordura pode comprometer o exame e apontar resultados errados.
Já no caso de mulheres com 70 anos ou mais, aumenta a chance de a mamografia apontar um tipo de câncer de mama sem potencial de causar danos à paciente.
Mas, se houver indicação médica, mulheres de qualquer idade podem ter de fazer a mamografia. Não se trata de um exame doloroso, embora algumas pacientes possam sentir algum desconforto, e costuma durar de 15 a 30 minutos.
Segundo a médica Aline Valduga, do Hospital Tacchini, de Bento Gonçalves (RS), a mamografia é o único exame que consegue reduzir em até 30% a mortalidade pelo câncer de mama. Ela cita ainda que é preciso convencer algumas pacientes de que o exame não causa câncer de mama. “É justamente o contrário. O exame é o nosso melhor aliado na detecção precoce. Quando um tumor já é palpável, infelizmente, ele já não é mais precoce, e a necessidade de tratamentos, como cirurgias mais radicais e quimioterapia, aumenta”, afirma.
A mamografia e o exame clínico, contudo, não confirmam casos de câncer. Para comprovar, no caso de alguma suspeita ser levantada com os exames, ainda será necessário realizar uma biópsia.
Causa e fatores de risco do câncer de mama
Embora não exista uma causa única para o câncer de mama, há três tipos de fatores de risco para a doença:
Comportamentais/ambientais
- Obesidade e sobrepeso após a menopausa.
- Atividade física insuficiente (menos de 150 minutos de atividade física moderada por semana).
- Consumo de bebida alcoólica.
- Exposição frequente a radiações ionizantes (raios-X, tomografia computadorizada, mamografia etc.)
- Histórico de tratamento prévio com radioterapia no tórax.
Aspectos da vida reprodutiva/hormonais
- Primeira menstruação (menarca) antes de 12 anos.
- Não ter filhos.
- Primeira gravidez após os 30 anos.
- Parar de menstruar (menopausa) após os 55 anos.
- Uso de contraceptivos hormonais (estrogênio-progesterona).
- Histórico de terapia de reposição hormonal (estrogênio-progesterona), principalmente por mais de cinco anos.
Hereditários/Genéticos
- Histórico familiar de câncer de ovário; de câncer de mama em mãe, irmã ou filha, sobretudo, antes dos 50 anos; e de câncer de mama em homens da família.
- Alteração genética, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2.
Mas atenção: a mulher que tem um ou mais desses fatores não irá, obrigatoriamente, ter câncer de mama.
O que fazer para prevenir o câncer de mama?
O ministério da saúde recomenda precauções que, na verdade, podem contribuir na prevenção de diversas doenças (inclusive o câncer):
- Se alimentar de forma saudável e equilibrada (dieta rica em frutas, legumes e verduras).
- Manter o peso adequado.
- Praticar atividades físicas.
- Evitar consumo de bebidas alcoólicas.
- Não fumar.
- No caso de mulheres, amamentar – que é considerado um fator protetor.