Além das temperaturas mais amenas do outono, a nova estação também traz aumento da incidência de doenças respiratórias. O ar seco típico dessa época do ano aumenta a concentração de poluentes na atmosfera, além dos vírus e bactérias suspensos no ar, que se tornam mais evidentes e se proliferam com mais facilidade.
As doenças respiratórias podem ser divididas em dois grandes grupos: as infecciosas e as doenças crônicas das vias aéreas. “As infecciosas acontecem quando algum vírus ou microrganismo entra no nosso aparelho respiratório e provoca inflamação”, explica Renan Augusto Pereira, médico alergista e imunologista do Núcleo de Alergia e Imunologia do Hospital Moinhos de Vento. Neste grupo se enquadram quadros como os de gripes, resfriados, sinusite e pneumonia e, geralmente, essas doenças são autolimitadas, ou seja, duram um curto período de tempo e melhoram.
No segundo grupo, o das doenças crônicas das vias aéreas, estão quadros como os de alergias, asma e rinite alérgica, que causam sintomas crônicos e contínuos”, diz o especialista. Para controlar os sintomas, é preciso seguir à risca o uso dos medicamentos que o seu médico indicar.
Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), cerca de 30% dos brasileiros têm alguma alergia respiratória. Essa condição prejudica a qualidade de vida das pessoas com os sintomas desconfortáveis, como coriza, congestão nasal, tosse seca, chiado, falta de ar, entre outros, que aparecem na mudança do clima.
A diferença entre gripe, resfriados e alergias
Com alguns sintomas parecidos, alergias, gripes e resfriados podem, muitas vezes, ser confundidos. Veja abaixo as principais diferenças entre elas.
Gripe:
- Febre alta
- Pico de sintomas principalmente nos três primeiros dias e pode durar até 10 dias
- Congestão nasal
- Pode levar à pneumonia e quadros graves quando não tratada adequadamente
Resfriado:
- Dura em média quatro dias
- Raramente ocorre febre, mas quando acontece é baixa
- Sintomas começam a diminuir no segundo ou terceiro dia
- As complicações podem causar inflamações como otite, sinusite e bronquite
Alergia:
- Espirros repetidos
- Secreção nasal, que costuma ser transparente
- Coceira no nariz, nos olhos, os ouvidos, céu da boca e garganta
- Olhos avermelhados e irritados
Os processos virais provocam sintomas como febre, dor no corpo e dor de cabeça. Se o paciente estiver com obstrução nasal, coriza, com coceira nos olhos e/ou no nariz, é mais provável que esteja com rinite alérgica. Mas, de qualquer forma, é necessário consultar um médico, porque essas duas condições podem andar juntas.
Então, a principal dica para se prevenir é consultar um alergista e fazer um acompanhamento dessas doenças. “Muitas pessoas usam remédios antialérgicos, corticoides, só para o alívio dos sintomas e acabam não fazendo o tratamento correto, profilático (ou preventivo), dessas enfermidades, que é o que vai melhorar qualidade de vida do paciente”, diz Pereira.
Alerta ligado para o risco de pneumonia
As bactérias causadoras da pneumonia e da sinusite muitas vezes se aproveitam da queda da imunidade e das defesas do organismo ocasionadas pelas infecções virais. Portanto, devemos ficar atentos quando um simples resfriado permanece por muito tempo e se associa a febre e cansaço. Tosse e febre alta são os principais sintomas de pneumonia.
Prevenção no dia a dia
“Lavar as mãos e usar álcool em gel é fundamental”, alerta o médico imunologista. A higiene do ambiente é também um cuidado preventivo contra as alergias respiratórias: manter a casa limpa e arejada, evitar locais e objetos que acumulam muito resíduo, como sofás peludos, cortinas e tapetes faz parte das recomendações.
“Umidificar o ambiente é uma boa ideia, usando umidificadores ou colocando uma vasilha de água nos quartos e cômodos. Tudo isso diminui a chance dos agentes irritativos se dispersarem com mais facilidade”, ensina Soraya Alves, otorrinolaringologista da Fundação São Francisco Xavier. Os aparelhos umidificadores também devem ser higienizados com frequência para evitar que acabem se tornando agente de proliferação de bactérias no ambiente.
Outra maneira de prevenção é a lavagem nasal, que ajuda a diminuir a inflamação das vias aéreas e a formação do muco que entope o nariz. Água não é indicada para a prática, pois suas substâncias, como o cloro, podem prejudicar a fisiologia nasossinusal. O melhor é utilizar dispositivos adequados, como as garrafinhas vendidas em farmácia que já vêm com sachês de cloreto de sódio ou usando soro fisiológico. Combine alto fluxo de líquido e baixa pressão, para não causar danos aos tecidos internos da tuba auditiva (canal que liga o nariz até a orelha média) e acabar provocando uma inflamação no ouvido.
Passo a passo da lavagem nasal
Siga os passos abaixo para executar o método com segurança:
- Acople o dispositivo na narina
- Incline o tronco levemente para frente
- Incline a cabeça para o lado contrário da narina que será aplicada
- Mantenha a respiração pela boca
- Não aplique muita pressão, o ideal é inserir o soro aos poucos e em bastante volume
E mais: fique em dia com o calendário de vacinação. Além do imunizante contra a Covid-19, a vacina de gripe também está disponível em centros imunizantes e Unidades de Atendimento Básico (UBS) gratuitamente. A vacinação com dose de reforço contra Covid já está disponível para qualquer pessoa acima de 18 anos.
Fonte: Hospital Moinhos de Vento e Usisaúde (Fundação São Francisco Xavier).