O que é e como se proteger contra a meningite

Os casos de morte por meningite no Brasil têm estampado as manchetes dos portais. A doença, que já vitimou 10 pessoas em São Paulo em um surto que teve início em julho deste ano, acende um alerta sobre a importância da vacinação – a principal forma de prevenir e combater essa doença, que pode ser letal.

A meningite é uma infecção que ataca as meninges, membranas que envolvem e protegem o cérebro e a medula espinhal. “A meningite é a inflamação dessa capinha”, explica a  médica infectologista do hospital A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Lina Paola Rodrigues. Confira, abaixo, as dúvidas mais comuns sobre os tipos da doença e como se proteger:

Quais são os tipos de meningite?
São três tipos: a mais comum é a viral, com menor potencial de complicações; a bacteriana, mais grave e com maior potencial de complicações; e a fúngica, o tipo mais raro, associada a doenças que comprometem a imunidade e com alta taxa de complicações e sequelas.

Como a meningite é transmitida?
Tanto a bacteriana quanto a viral são transmitidas, basicamente, por contato próximo e gotículas. Segundo a especialista, essas gotículas são emitidas quando a gente espirra, conversa, tosse ou dá um beijo, por exemplo.

Como eu posso me proteger?
A melhor forma de combater a meningite é a vacinação na infância. Há dois imunizantes contra a meningite: a meningocócica C, para crianças com menos de 5 anos, que tem esquema vacinal com três doses (aos três, cinco e 12 meses de vida); e a ACWY, dose única que protege contra meningites e infecções generalizadas, a partir dos 11 anos. “Se há um surto de meningite no seu bairro, o ideal é manter o uso de máscara, higienizar bem as mãos e evitar aglomerações”, indica a médica.

Já sou adulto. Posso tomar a vacina?
A população adulta pode tomar a vacina contra meningite em casos de surto. Nessas situações, a faixa etária é ampliada, e vai até os 64 anos de idade. Importante ressaltar que essa liberação é para pessoas que moram, estudam ou trabalham nas regiões dentro do perímetro estabelecido para o bloqueio vacinal.

A vacina pode me prejudicar?
“Não. O que pode ocasionar são eventos adversos locais, como dor, entorpecimento ou incômodo no local da aplicação”, diz Rodrigues. Em crianças e bebês, em que a vacina é aplicada na perna ou na coxa, a médica indica que compressas geladas podem ajudar, se tiver dor ou inchaço.

Quais são os sintomas da meningite?
“Os sintomas são similares em todos os tipos de meningite. No caso das bacterianas e da viral, os sintomas são rápidos: o paciente se expõe e, em torno de 5 a 7 dias, apresenta febre, dor no corpo e mal estar. Há também os sintomas neurológicos, como a dor de cabeça, vômitos em jato e rigidez dos músculos da nuca”, explica. Ainda de acordo com a doutora, há sintomas mais específicos, como manchas vermelhas na pele, dor atrás dos olhos, sonolência e apatia.

Em que momento devo procurar um médico?
Se você teve contato com um caso de meningite, a orientação é procurar um médico imediatamente. Agora, caso o paciente não saiba se teve contato ou não com alguém com meningite, deve ficar atento aos sintomas: febre por mais de dois dias, dor de cabeça intensa, vômitos e sonolência. “Há casos em que o paciente fica apático, não come, não levanta da cama. Em bebês e crianças pequenas, é preciso observar essa mudança de comportamento, dormir mais do que o normal e não aceitar comida”.

Como é feito o diagnóstico?
Para que o diagnóstico seja feito (ou descartado), há o exame de sangue e a avaliação do líquor. Essa avaliação é feita por meio de uma punção (retirada de líquido) na coluna, na medula espinhal, para procurar as bactérias, vírus ou microrganismos que possam estar infectando a meninge.

Estou com meningite. E agora?
“Se você for diagnosticado com meningite bacteriana, muito provavelmente vai ficar internado em um quarto com isolamento respiratório. Ou seja, todas as pessoas que entram nesse quarto precisam estar devidamente protegidas. A medicação geralmente é na veia, com antibiótico, de 7 a 10 dias. Se não tiver complicações, a internação pode até ser um pouco mais curta”, explica a doutora.

Porém, em casos de meningite meningocócica, é necessário notificar também a Vigilância Epidemiológica, para que todas as pessoas da casa desse paciente recebam um antibiótico preventivo, em dose única, para que não desenvolvam a doença – mesmo que a pessoa tenha sido vacinada.

Você sabia?

Em 24 de abril é celebrado o Dia Mundial de Combate à Meningite.

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