Novembro azul: saiba como identificar sintomas do câncer de próstata

Entre 2023 e 2025, mais de 71 mil novos casos de câncer de próstata devem ser descobertos no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Esse é o segundo tipo de câncer mais recorrente na população masculina, atrás do câncer de pele não melanoma. A incidência é maior em homens acima de 60 anos.

A estimativa, de acordo com o Inca, é que a doença mate um homem a cada 38 minutos no Brasil. Em uma partida de futebol com 45 minutos em cada tempo, dois homens teriam morrido ao fim do jogo.

Para chamar a atenção para a prevenção e quais são os principais sinais de atenção relacionados à doença, foi criado o movimento Novembro Azul. Leia abaixo o que é o câncer de próstata, os principais fatores de risco e as novidades nos tratamentos apresentadas por um especialista do A.C. Camargo Cancer Center.

O que é o câncer de próstata

A próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino que tem aproximadamente 20 gramas de peso. Ela se parece com uma castanha, fica abaixo da bexiga e, entre suas funções, está a produção do sêmen, junto com as vesículas seminais.

O câncer de próstata ocorre quando as células dessa glândula crescem sem controle. A maioria cresce de forma lenta, levanto até 15 anos para atingir 1 cm³.

Os sintomas nem sempre são percebidos logo nos estágios iniciais, por isso, é preciso ficar sempre atento. O diagnóstico é feito por um exame de sangue chamado Antígeno Prostático Específico (PSA), toque retal e biópsia.

De acordo com o Inca, o PSA consegue medir, no sangue, a proteína produzida pela próstata. Se os níveis estiverem alterados, isso pode indicar alguma anomalia na glândula. Já o toque retal avalia tamanho, volume, textura e forma da próstata. Os exames são indicados apenas quando há suspeita da doença.

Principais sintomas do câncer de próstata

Os principais sintomas do câncer de próstata são:

  • Dificuldade de urinar
  • Necessidade de urinar mais vezes ao dia
  • Presença de sangue na urina

Em casos de avanço da doença, ela pode provocar:

  • Dor nos ossos
  • Infecção generalizada
  • Insuficiência renal

Fatores de risco do câncer de próstata

Um dos fatores de risco para o câncer de próstata é a idade. Ele é considerado um câncer de idosos — 75% dos casos no mundo ocorrem em pessoas acima de 65 anos.

Outros fatores:

> Genético: famílias que tiveram casos de câncer de próstata antes dos 60 anos podem ter maior ocorrência da doença, por alteração nos genes BRCA1 e 2 e ATM.

> Cigarro: fumantes são mais propensos a ter câncer.

> Obesidade: o câncer de próstata ocorre mais em homens com sobrepeso.

> Raça: homens de pele negra têm maior incidência da doença.

> Exposição a agentes químicos: são responsáveis por 1% dos casos de câncer de próstata. Entre eles,  estão as aminas aromáticas, comuns na indústria de alumínio; o arsênio, usado como conservante de madeira e agrotóxico; o petróleo, usado em motores de escape de veículo; e a fuligem.

Como tratar o câncer de próstata

O tratamento mais adequado vai ser definido em conjunto entre médico e paciente, avaliando os riscos e benefícios de cada abordagem. Após o diagnóstico, pode ser indicada a observação vigilante (para casos em que a doença não se espalhou), cirurgia e radioterapia (para a doença localizada, mas que requer um grau maior de atenção).

Em casos de câncer avançado, são usadas a radioterapia ou a cirurgia em combinação com o tratamento hormonal. Já quando há metástase (casos em que o tumor já se espalhou pelo corpo), é mais indicada a terapia hormonal.

Depois do tratamento, a doença é monitorada por meio de exames de PSA para medir a dosagem do antígeno, que deve ser ser feito a cada três ou seis meses.

Novidades no tratamento do câncer de próstata

Entre as novidades que têm surgido nos últimos anos para o tratamento do câncer de próstata está a cirurgia minimamente invasiva, como a robótica e a laparoscópica, indicada para doenças localizadas.

Já na radioterapia, há avanços com a redução do número de sessões, segundo o que conta o médico Stênio de Cássio Zequi, líder do Centro de Referência em Tumores Urológicos do A.C. Camargo. Com a SBRT (sigla para Radiocirurgia Estereotáxica Corpórea), é possível fazer 20 sessões em vez de 35. “O paciente recebe uma dose um pouco maior, mas obtém resultados parecidos e com toxicidade similar”, explica.

Nos casos de radioterapia, a privação androgênica (cujo objetivo é reduzir o nível dos hormônios masculinos no corpo) tem sido associada à hormonioterapia e à irradiação, explica Zequi. “Para tumores de risco intermediário desfavorável, a recomendação é seis meses de hormonioterapia junto à radioterapia. Já para os de alto risco, a recomendação é de 18 a 36 meses. Essas são as principais novidades para os tumores localizados e localmente avançados”, detalha.

Outra novidade que vem sendo trabalhada fora do Brasil é a terapia focal para tumores de risco intermediário. Ela foi adotada desde 2010 na Europa e desde 2015 nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, por recomendação do CFM (Conselho Federal de Medicina), é usada apenas em ambientes de pesquisa por enquanto.

“A terapia focal consiste em empregar uma fonte de energia [calor ou resfriamento, por exemplo], chamada de métodos ablativos. Esse protocolo permite menos toxicidade genital, sexual e urinária, além de preservar a qualidade de vida dos pacientes e provocar menos efeitos colaterais, uma tendência que vem ganhando espaço”, diz. 

Há avanços também na forma de fazer a biópsia. Antes por via transretal, agora está sendo implementada no Brasil a biópsia de próstata via transperineal. A principal vantagem é o menor risco de infecção. “Essa é uma mudança de paradigma. No Reino Unido, por exemplo, a técnica utilizada via de regra é a transperineal. Porém, isso envolve custos. Mas acreditamos que essa técnica deva ganhar força, principalmente porque a biópsia transperineal permite remover fragmentos maiores e mais representativos do que a usualmente feita via transretal”, explica.

Outro avanço é aplicar terapias dirigidas com a ajuda de testes genéticos. “Quando há mutações de alguns genes, nós podemos usar drogas que são diretas, como os inibidores.” Esses inibidores atuam diretamente sobre os genes, evitando a multiplicação e eliminando as células cancerosas.

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