Novembro Azul alerta sobre o câncer de próstata e os cuidados com a saúde do homem

A campanha Novembro Azul reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata (tipo mais comum de câncer entre homens e o segundo em mortalidade no grupo) e levanta o debate sobre comportamento em relação aos cuidados com a saúde. A cada 38 minutos, o câncer de próstata tira a vida de um homem no Brasil. Segundo o Global Cancer Observatory da Organização Mundial da Saúde, em 2020, o País registrou 84.995 novos casos da doença e 18.442 óbitos.

Presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida – que em 2011 criou a campanha Novembro Azul no Brasil – , Marlene Oliveira conta que, em 2021, sua organização realizou uma pesquisa com 1.800 homens na América Latina, na qual 77% dos mil que foram entrevistados no Brasil disseram saber que o meio de monitorar a saúde da próstata é fazer os exames do PSA (Antígeno Prostático Específico) e do toque retal. Isso mostra que a campanha Novembro Azul tem tido um impacto positivo para alertar e conscientizar os homens a cuidar da sua saúde.

No entanto, o mesmo estudo mostrou que 61% dos brasileiros com idade acima de 45 anos disseram nunca ter feito o exame de toque retal por falta de indicação médica. “A nossa pesquisa revelou que a informação tem chegado aos homens, mas a luz acendeu e nos deu um sinal de alerta de que muitos médicos não indicam o exame de detecção do câncer de próstata. Fazemos um apelo para que os homens na faixa etária recomendada questionem os médicos e peçam a indicação para realizar os exames de diagnóstico do câncer de próstata”, complementa Marlene, criadora da Campanha Novembro Azul.

Diagnóstico precoce

Renato Cunha, urologista da operadora de planos de saúde Usisaúde, administrada pela Fundação São Francisco Xavier, explica que a abordagem do Novembro Azul é centrada no câncer de próstata, mas foi ampliada para conscientizar e chamar a atenção sobre a importância dos cuidados com a saúde masculina na sua integralidade.

Ele destaca que os homens não são ensinados a ir ao médico desde cedo como as mulheres, que são levadas pelas mães ao ginecologista logo na puberdade. “Os meninos crescem sem esse costume e, quando adultos, costumam ir somente quando alguém próximo insiste ou quando estão com sintomas insuportáveis. Com isso, ficam mais suscetíveis a uma série de doenças, inclusive ao câncer de próstata.”

Para Cunha, é fundamental que os homens visitem o médico já na puberdade, a partir de 14/15 anos. “Os meninos, assim como as meninas, possuem muitas dúvidas, principalmente em relação a sexualidade e sexo seguro. Dessa forma, podemos desmistificar essa questão de que homem não gosta de ir ao médico”, ensina.

O câncer de próstata não costuma apresentar sintomas em sua fase inicial, e somente o rastreamento vai detectar o tumor precocemente. Quando o estágio já está avançado, a doença geralmente atinge outros órgãos, como uretra, bexiga e vesículas seminais.

“É muito raro o surgimento de uma neoplasia de próstata em pacientes com menos de 40 anos, mas a partir dessa idade já existe um certo risco. Atualmente, diante do aumento de casos de doenças oncológicas em todo o mundo, orientamos aos homens que visitem com mais frequência seus médicos de confiança em busca de uma boa manutenção da saúde”, recomenda Carlo Passerotti, Coordenador do Centro Especializado em Urologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

O urologista chama a atenção dos fatores de risco, que são o histórico familiar, tabagismo e obesidade. “Estudos apontam que homens com mais de 45 anos, com histórico familiar, têm de duas a três vezes mais chance de desenvolver a enfermidade e devem fazer os exames anualmente, assim como a população negra, que é mais propensa a esse tipo de câncer. Para aqueles que não tem histórico familiar, a recomendação é que procurem um urologista para fazer avaliações a partir dos 50 anos”, aconselha.

Existem dois exames para a detecção do câncer de próstata: o PSA e o exame de toque. “A avaliação é feita com um exame de sangue simples, o Antígeno Prostático Específico, mais conhecido como PSA. Essa proteína pode indicar o risco do paciente apresentar uma neoplasia maligna. Outra forma de identificar o câncer é o exame de toque retal, responsável por cerca de 15% dos diagnósticos, além de ser capaz de localizar uma neoplasia, mesmo quando o resultado do PSA está negativo. Por isso ele é tão importante”, explica o médico.

O especialista ressalta ainda que a detecção precoce do câncer de próstata traz entre 90% e 95% mais chances de cura. “Quanto mais cedo é feito o diagnóstico, menor é o tumor e maior é a chance de estar encapsulado, ou seja, de estar dentro da próstata, o que facilita o sucesso do tratamento. Além disso, descobri-lo no início diminui os riscos de complicações, como incontinência urinária e impotência sexual, melhorando a qualidade de vida do paciente”, enfatiza.

Normalmente, quando aparecem os sintomas, o câncer já está em estágio avançado e alguns sinais podem ser confundidos com sintomas do envelhecimento, como o aumento do tamanho da próstata. “O paciente pode perceber também a alteração da força do jato urinário, como hesitação e urgência, e sangue na urina. E quando a doença já está em estágio bastante avançado pode ocorrer perda de peso (emagrecimento) e dor óssea”, ressalta.

Outros tipos de câncer

“Em relação ao câncer de testículo, o jovem pode fazer um autoexame. Ele pode ser feito no próprio banho e consiste em movimentar os testículos com seus dedos. Em caso de dor nesta movimentação, sensação de peso no escroto ou mudança no tamanho dos testículos, é indicada a ida ao urologista. A população de risco para o câncer de testículo são aquelas crianças que nasceram com testículo fora do escroto. Esse grupo tem uma chance muito maior de desenvolver um câncer testicular, algo em torno de 14 vezes mais”, afirma Hernani de Oliveira, urologista do Hospital Santa Catarina – Paulista.

Eliza Ricardo, oncologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, explica que o câncer de testículos está entre os mais comuns nos homens, assim como os de intestino e pulmão.

“No caso do câncer de intestino, a partir dos 45 anos é aconselhável fazer exame de colonoscopia como forma de prevenção. E, com relação ao câncer de pulmão, é importante procurar um médico a partir dos 50 anos, especialmente para aquelas pessoas que fumaram ou fumam mais de um maço de cigarros por dia, para avaliar a indicação da realização de uma tomografia de tórax de baixa dose de radiação para descartar uma possível doença oncológica”, orienta a médica.

Fonte: Hospital Oswaldo Cruz, Fundação São Francisco Xavier, Hospital Santa Catarina – Paulista, Instituto Lado a Lado pela Vida

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