Pesquisa aponta que mulheres deixaram de lado consulta de rotina no ginecologista em 2020

Com o objetivo de entender o nível de conhecimento das mulheres sobre o câncer de colo do útero e contribuir para diminuir a desinformação sobre a doença no Brasil, o Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) aplicou o questionário online “O que as mulheres sabem sobre câncer de colo do útero e HPV?”. A pesquisa contou com a adesão de 548 mulheres a partir de 18 anos. Em meio ao impacto da pandemia de covid-19, apenas pouco mais da metade (55,7%) das entrevistadas passaram por ao menos uma consulta de rotina no ginecologista em 2020.

Dentre as que marcaram consulta, 58,4% foram pela saúde suplementar e 41,1% pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em relação ao nível de instrução apresentado na amostra, 41,6% têm ensino superior completo (graduação, pós-graduação, mestrado ou doutorado). A principal ocupação foi profissional liberal (19,6%), porém 28,6% das participantes estão desempregadas. Majoritariamente, as mulheres entrevistadas são casadas (55,7%) e tem filhos (74,6%).

Na amostra, 12% responderam ter recebido o diagnóstico de um tipo de câncer, sendo os mais comuns o de mama e o de colo do útero. “A pesquisa fornece dados que suscitam temas para reflexão. Mesmo entre as mulheres, que são mais zelosas com a saúde, foi baixa a procura por consulta de rotina. A pandemia continua e é fundamental fortalecer o alerta sobre a importância de prevenir o câncer de colo do útero, uma doença que, com o exame de Papanicolau e a vacina contra HPV, é evitável”, destaca Andréa Gadêlha Guimarães, oncologista clínica do IUCR)e do A.C.Camargo Cancer Center.

Exame de Papanicolau
Entre as entrevistadas, 85,2% reconhecem o Papanicolau como sendo o principal exame para diagnóstico de câncer de colo do útero e 82% realizam o exame de rotina, com intervalo entre um e três anos. Entre os 18% que não realizam o exame rotineiramente ou nunca o fizeram, as principais causas apontadas foram ser um exame desconfortável e medo de sentir dor.

Ao serem questionadas sobre sinais e sintomas, 88% responderam corretamente que, no estágio inicial, o câncer de colo do útero não apresenta sintomas e que com o avanço da doença podem ocorrer: corrimento vaginal de cor escura; sangramento vaginal após a relação sexual; dor durante o sexo; sangramento vaginal anormal (após a menopausa ou entre períodos menstruais) etc. Além disso, 96% mostraram conhecimento ao afirmar que o câncer de colo do útero é uma doença que pode acometer mulheres de todas as idades e mais de 90% apontaram que o especialista mais indicado para tratar a doença é o oncologista ou ginecologista.

Entre os pontos de atenção, alerta Andréa Gadêlha, está o fato de uma entre quatro mulheres desconhecerem a infecção pelo HPV como principal causa de câncer de colo do útero. Na amostra, 23,4% apontaram outras causas (tabagismo, ter mais de 40 anos, obesidade, início precoce da vida sexual e prática sexual com muitos parceiros e sem camisinha). “Outra questão para a qual devemos estar atentos é que metade (50,1%) respondeu ‘falso’ ou ‘não sei’ para a afirmação que o câncer de colo do útero é um dos tipos mais fáceis de serem evitados”, observa a especialista.

Vacina sem gênero
A vacina contra o vírus HPV é indicada para meninos e meninas como estratégia para evitar o câncer de colo do útero, como também para prevenir câncer de pênis, ânus e orofaringe. No entanto, a maioria das entrevistadas (53,8%) responderam “falso” ou “não sei” para a afirmação de que o HPV está relacionado com câncer de pênis, ânus e orofaringe nos homens.

“É uma evidência do quão importante é falarmos com a população, cada vez mais, sobre a importância de se imunizar também os meninos”, ressalta Andréa Gadêlha. Entre os mitos, um que se destaca é o fato da maioria (57,7%) acreditar que o uso de preservativo durante a relação sexual protege totalmente contra o HPV quando, na verdade, embora a camisinha seja uma aliada importante para prevenir esta e outras infecções sexualmente transmissíveis, o vírus pode estar em áreas que camisinha não protege, como vulva, região pubiana, perineal ou bolsa escrotal. Por isso, é fundamental, para evitar o HPV, associar o uso de preservativo com a imunização pela vacina.

Fonte: edição do texto original do IUCR.

Matérias
relacionadas