Mitos e verdades sobre a amamentação

Por mais comum e natural que seja, o ato de amamentar ainda é envolto em algumas crenças e desinformações, que podem prejudicar a saúde tanto do bebê quanto da mãe.

“A proximidade da amamentação, desde a primeira hora de vida do bebê, permite o estabelecimento de um vínculo afetivo precoce e definitivo para o binômio mãe-filho”, explica Paulo Poggialli, médico pediatra e coordenador do Serviço de Neonatologia da Rede Mater Dei de Saúde. “As vivências do primeiro ano são definitivas na formação da personalidade do ser humano, e a amamentação favorece a construção de uma estrutura psíquica adequada, com reflexos positivos para toda a vida”.

Em entrevista ao Saúde da Saúde, Poggialli nos ajudou a esclarecer, ponto a ponto, as questões que mais escuta de suas pacientes. Segundo o especialista, o importante é sempre consultar o seu médico. “Converse sobre suas dúvidas com o pediatra nas consultas de puericultura (o acompanhamento médico que acontece no 5º e 15º dias de vida do bebê, e vira mensal a partir dos 30 dias), pois é essencial garantir o aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida”.

Confira:

> A amamentação é fundamental para a saúde do neném.
VERDADE

“O leite materno tem os nutrientes necessários e perfeitamente balanceados para o crescimento do bebê. Por exemplo, o teor de proteínas favorece o ganho de peso adequado, protegendo quanto à engorda excessiva e prevenindo a obesidade futura; os lipídios são importantes para o desenvolvimento cerebral e da visão; a lactose favorece o crescimento da flora intestinal protetora; e as vitaminas e os minerais contribuem, de forma global, para a saúde da criança. Os benefícios podem se refletir até a vida adulta.”

> Amamentar também faz bem para a saúde da mãe.
VERDADE

Há evidências consistentes na literatura médica contra o desenvolvimento de câncer de mama, de ovário e de diabetes tipo 2 na mulher que amamenta. Quanto mais duradoura a amamentação, maior a proteção.”

> Algumas mães têm dificuldades para amamentar.
VERDADE

“As dificuldades são frequentes, em especial para as mães de primeira gestação. É importante ter a orientação da pega adequada, para evitar as fissuras mamilares, e entender que o volume inicial de colostro e leite é pequeno, mas que atende à necessidade dos bebês nos primeiros dias – dispensando, para a imensa maioria de recém-nascidos, a complementação com outro leite que não o materno.”

> Algumas pessoas podem ter o leite “fraco”.
MITO

“O aspecto aguado do leite materno é uma característica normal. O mito do leite insuficiente é o grande causador da oferta inadequada de complementação por fórmulas. É importante entender que o choro frequente tem muitas causas, inclusive a característica própria de alguns bebês. Como eles buscam a sucção para se acalmar, passam muitas vezes a impressão equivocada de fome. Na dúvida, converse sempre com o seu médico.

Para a maioria das mulheres, a produção de leite é suficiente para o bebê, nutrindo-o adequadamente, mesmo se ocorrerem variações naturais no volume produzido.”

> Depois de seis meses, o leite materno perde o efeito.
MITO

“O que ocorre é que, até os seis meses de idade, o aleitamento deve ser a fonte exclusiva de alimentação e, a partir de então, ser complementada com outros alimentos. A recomendação da Organização Mundial da Saúde, acatada pelas Sociedades de Pediatria em todo o mundo, é que a duração do aleitamento materno seja de dois anos ou mais.”

> O leite excedente não pode ser doado.
MITO

“Os Bancos de Leite Humano têm um papel essencial, especialmente nas Unidades de Tratamento Intensivo Neonatal, para prematuros e bebês com complicações gastrointestinais. As doações também atendem bebês cujas mães não podem amamentar e querem oferecer leite humano aos seus filhos. É muito importante estimular a doação.”

> Amamentar deitada faz mal para o bebê.
NÃO NECESSARIAMENTE…

“… Mas é melhor que a mãe esteja sentada ou recostada, para que o bebê fique mais verticalizado. Ao deglutir na posição deitada, o bebê pode ingerir mais ar ou ocorrer passagem de diminutas porções de leite para vias aéreas superiores, o que deve ser evitado em qualquer idade. A posição deitada é também favorecedora do refluxo gastresofágico, com alguns lactentes refluindo leite ainda durante a amamentação.”

> Amamentar pode ter efeito anticoncepcional.
VERDADE, MAS…

“…Uma porcentagem menor de lactantes pode engravidar mesmo amamentando. O que ocorre é que os hormônios relacionados com a produção de leite podem bloquear a ovulação, mas é indicado abordar este assunto com o seu ginecologista.

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