O Ministério da Saúde reforçou a recomendação para que gestantes e crianças sejam vacinadas contra a coqueluche. O alerta ocorreu quatro dias após a morte de um bebê de 6 meses, em Londrina, no Paraná, o primeiro óbito no país causado pela doença em três anos. Conhecida como “tosse comprida”, a coqueluche é uma infecção respiratória aguda causada pela bactéria Bordetella pertussis. Os sintomas são: febre, mal-estar, coriza e tosse seca que pode ser intensa e persistente.
Crianças pequenas, especialmente recém-nascidos e bebês com menos de um ano, são as mais vulneráveis aos efeitos graves da coqueluche. O sistema imunológico ainda em desenvolvimento não é capaz de combater a infecção de forma eficaz, o que pode levar a complicações como pneumonia, convulsões, parada respiratória e, em casos mais graves, à morte.
A vacinação é a principal forma de prevenir a doença e suas complicações e o imunizante indicado está incluso no calendário vacinal infantil. A vacina pentavalente, além de proteger contra a coqueluche, também previne difteria, tétano, hepatite B e Haemophilus influenzae do tipo B. A primeira dose é dada aos 2 meses de idade, seguida de mais duas aos 4 e 6 meses. Além disso, são aplicadas doses de reforço com a vacina tríplice bacteriana (DTP) aos 15 meses e 4 anos de idade. A vacinação de gestantes também é fundamental, pois os anticorpos produzidos pela mãe passam para o bebê durante a gestação nos primeiros meses de vida, garantindo uma proteção inicial contra a doença.
A imunização já se comprovou muito eficaz em reduzir a incidência da coqueluche no Brasil. Após um período de alta endemicidade nos anos 80, o país vivenciou uma queda significativa nos casos a partir da década de 90. No entanto, desde 2011 temos acompanhado um novo aumento dos casos, evidenciando a necessidade de monitoramento contínuo e reforço das estratégias de imunização.
Nessa época, o Hospital Aliança adotou uma iniciativa pioneira entre os hospitais da Bahia ao vacinar todos os colaboradores que trabalhavam diretamente com recém-nascidos, tanto na maternidade como na UTI neonatal. A medida foi tomada em 2013 e um ano antes o Ministério da Saúde havia registrado aumento de 97% dos casos da doença no país. “O nosso foco é evitar a possibilidade de que um colaborador seja o transmissor da doença para os bebês que estão aqui”, explicou a coordenadora médica da Neonatologia do Aliança, Katiací Araújo.
Após um período com números menores durante a pandemia de Covid-19, quando as medidas de distanciamento social e o uso de máscaras contribuíram para reduzir a circulação de diversos vírus, os números da coqueluche voltaram a subir. Em 2022, 2023 e 2024 (até o final de julho) foram confirmados 159, 244 e 517 casos, respectivamente, de acordo com o Boletim Epidemiológico da Coqueluche, do Ministério da Saúde. Apenas no Estado de São Paulo, o crescimento foi de 768,5%.
Diferentes fatores podem explicar esse cenário:
- Redução da cobertura vacinal: A pandemia impactou a rotina de vacinação em muitos países, levando a uma queda na cobertura vacinal em alguns grupos populacionais. Além disso, o compartilhamento das chamadas fake news em relação a imunizações ganhou espaço.
- Mutações na bactéria: A bactéria causadora da coqueluche pode sofrer mutações, o que pode tornar as vacinas menos eficazes.
- Perda da imunidade: A imunidade adquirida pela vacinação não é permanente, e com o passar do tempo, a proteção pode diminuir, especialmente em adultos.
A coqueluche é uma doença perigosa, principalmente para bebês. A boa notícia é que ela pode ser prevenida. A vacinação é a nossa maior aliada contra essa doença. Proteja seu filho e toda a família mantendo o calendário vacinal em dia. Vacinar é um ato de amor e cuidado.