O estilo de vida moderno levou a humanidade a desenvolver doenças crônicas e disfunções metabólicas que, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), têm se tornado as principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo. E, contra essas doenças, as recomendações médicas são praticamente unânimes: mudar e melhorar hábitos de vida.
Com esse novo cenário, a medicina tem buscado se adaptar e novas especialidades passam a ganhar forma e protagonismo. Uma delas é a Medicina do Estilo de Vida, que considerando o envelhecimento da população, quadros de doenças crônicas e maior demanda por longevidade, traz uma abordagem focada nas mudanças de hábitos. O foco principal é acompanhar o paciente de forma preventiva, com uma visão integral, garantindo uma boa alimentação, prática de exercícios físicos, sono regular, gerenciamento de estresse, conexões sociais e controle de toxicidade. Em casos em que há uma doença já instalada, a proposta é reverter o quadro com tratamento específico, mas também com base nesses pilares.
Doenças cardiovasculares, por exemplo, podem ser abordadas com exercícios físicos e boa alimentação; casos de câncer de pulmão podem ser reduzidos se o paciente não fumar. A obesidade, que além de ser uma doença é um fator agravante para outras, pode ser combatida em determinados casos com um bom controle alimentar e introdução de atividades físicas.
Pilares da Medicina do Estilo de Vida
A Medicina do Estilo de Vida se baseia em seis pilares fundamentais, segundo o American College of Lifestyle Medicine (Colégio Americano de Medicina do Estilo de Vida), como Alimentação, Movimento, Sono, Conexões Sociais, Gerenciamento do Estresse, Redução de Tóxicos.
Quem busca formação nessa área obtém certificação para aplicar as mudanças no estilo de vida com base em evidências científicas. Essa abordagem pode tratar até 80% das doenças crônicas, segundo a entidade, promover saúde e bem-estar à população e, ainda, diminuir os custos dos sistemas de saúde.
Paciente como protagonista
Mas, para a proposta dar certo, o protagonista precisa ser o paciente, de acordo com Pedro Schestatsky, médico neurologista, professor, pesquisador e autor do livro best-seller “Medicina do Amanhã”, que participou do Congresso Nacional de Hospitais Privados – Conahp 2024. “Quem dá as cartas é o paciente. Se o paciente decidir, de uma hora para outra, que ele quer ter uma vida saudável e plena, o médico vai se adaptar. A mudança precisa partir deles”, disse em sua palestra.
Entre os desafios dessa abordagem está uma das principais características do ser humano, que é optar pelo caminho mais fácil: tratar sintomas, e não a causa; tomar remédios, e não mudar hábitos. “Tratar a causa leva tempo, leva ao entendimento integrado e completo do paciente, o que demora. Muitas vezes, uma consulta teria que durar uma hora, e essa não é a verdade que temos hoje em dia, com consultas de 15 minutos, que resultam em uma prescrição e uma requisição de exames”, disse Schestatsky. O médico sugere ainda que os pacientes cobrem que seus médicos perguntem sobre suas saúdes de forma integral, abordando sono, alimentação, e outros aspectos.
No entanto, a Medicina do Estilo de Vida não é a resposta para todas as doenças. Tudo vai depender do indivíduo e das características de saúde que serão tratadas, além de requisitar pesquisas para encontrar os melhores métodos para prevenir, tratar e reabilitar pacientes.
A Medicina do Estilo de Vida nem sempre caminha sozinha
Essa abordagem da medicina pode trazer vantagens para o paciente em diversos aspectos. Mas é importante que haja sempre um trabalho em conjunto com outras especialidades, especialmente em casos em que há necessidade de investigações mais aprofundadas.
De modo geral, os pacientes podem se beneficiar da Medicina do Estilo de Vida ao observarem a melhoria na qualidade de vida, maior disposição e vitalidade, redução de sintomas e uso de medicamentos.
Além disso, há um fortalecimento do sistema imunológico e da saúde mental e emocional. Assim, o foco no atendimento integral pode trazer mais benefícios do que combater sintomas isoladamente.