Medicina de família: do atendimento primário à promoção de hábitos de vida saudáveis

Para Daniela Zilioli Ávila Osório, gestora de Inovação, Valor e Acesso do Vera Cruz Hospital, o médico de família deveria ser a porta de entrada do paciente no sistema de saúde. “Idealmente, esse profissional acompanha o indivíduo do pré-natal de baixo risco ao resto da vida”, afirma. Por isso, é tido como o médico da pessoa saudável, que atua pela promoção da hábitos saudáveis.

Em dezembro do ano passado, o Vera Cruz Hospital inaugurou o Vera Cruz Cuidado Integrado, um serviço 24 horas, focado no programa de Atenção Primária à Saúde, que coloca em destaque a figura do médico de família na saúde suplementar. É uma medida estratégica. “Cerca de 50% das doenças tem causas relacionadas ao estilo de vida – é o caso da diabetes do tipo 2, muito ligada a uma alimentação desequilibrada e ao sedentarismo”, exemplifica Daniela.

Na medicina de família, a interação entre médico e paciente não se restringe ao consultório. Daniela explica que é comum contatos periódicos por vídeo ou telefone e visitas domiciliares com equipes multidisciplinares, que podem incluir enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos, entre outros especialistas. “O médico de família é capaz de resolver até 92% dos problemas de saúde.” E, junto com uma equipe multiprofissional, prepara um plano terapêutico personalizado para cada paciente, ajudando a evitar adoecimentos futuros.

Papel na pandemia

Em tempos de Covid-19, o atendimento a distância se revela especialmente oportuno. O médico de família pode orientar o paciente com sintomas leves a não sair de casa, evitando a sobrecarga do sistema saúde, o risco eventual de iatrogenia (efeito ou complicação causados durante um tratamento médico) e a possível contaminação de outras pessoas nesse deslocamento. Não é por menos que o nome completo da especialização é medicina de família e comunidade.

Outra vantagem dessa abordagem é que reduz a realização de exames de alta complexidade – em muitos casos, caros e desnecessários. Daniela dá um bom exemplo. Quando um paciente com dor de cabeça procura diretamente um neurologista, a tendência é que o médico peça uma bateria de exames para eliminar os riscos mais graves, o que pode incluir logo de cara, uma ressonância magnética.

Como atua como uma espécie de gestor do prontuário do paciente ao longo da vida, o médico de família estará mais próximo de seu histórico de saúde, suas propensões genéticas, seu momento de vida no trabalho e nos relacionamentos e das particularidades de seu organismo. A tal dor de cabeça, por exemplo, pode estar relacionada ao ciclo menstrual, simplesmente. “É uma abordagem focada na pessoa, não na doença”, sintetiza Daniela

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