Luz azul de aparelhos eletrônicos: um risco à saúde ocular de crianças em idade escolar

São horas e mais horas em frente a uma tela. Quem tem criança em casa sabe que mantê-la longe do celular, tablet ou computador está cada vez mais difícil. Para os pais, entre as preocupações estão os efeitos nocivos à saúde ocular causados pela luz azul emitida por esses dispositivos eletrônicos. O risco se dá porque o esforço visual constante para focar em telas próximas pode levar a uma alteração na estrutura ocular, especialmente em crianças menores, cujos olhos ainda estão em desenvolvimento. 

“O excesso de exposição a telas, especialmente de perto, como tablets e celulares, está relacionado ao aumento da incidência e progressão da miopia, aumento da incidência de estrabismo e outros problemas,” explica a oftalmopediatra Mayra Neves de Melo, do CBV-Hospital de Olhos

Para reduzir esses riscos, Melo recomenda que os pais estabeleçam limites para o tempo de uso de telas. “Criar uma rotina com horários pré-estabelecidos, especialmente evitando telas à noite, ajuda a controlar o tempo de exposição,” diz a especialista. 

Além dos problemas oculares, a oftalmopediatra observa que o uso excessivo de telas também pode impactar negativamente outros aspectos da saúde infantil. “O uso excessivo de telas contribui para o sedentarismo, aumentando o risco de obesidade infantil e problemas posturais,” alerta. A falta de atividades físicas não apenas afeta a saúde física, mas também pode resultar em atrasos cognitivos, ansiedade, distúrbios de aprendizado e déficit de atenção.

Uma abordagem eficaz é substituir o tempo de tela por atividades interativas e lúdicas, como leitura, jogos de tabuleiro, quebra-cabeças e artes manuais. Essas atividades não só proporcionam momentos de diversão e interação familiar, mas também estimulam o desenvolvimento cognitivo das crianças.

Além das atividades em casa, é crucial incluir exercícios ao ar livre e esportes na rotina das crianças. Essas atividades físicas são essenciais para o desenvolvimento saudável, combatendo o sedentarismo e promovendo um equilíbrio entre o tempo gasto em frente às telas e outras formas de recreação.

A Sociedade Brasileira de Oftalmopediatria (SBOP) oferece orientações específicas sobre o tempo de exposição a telas para crianças de diferentes idades. Confira: 

  • Para crianças de 0 a 2 anos, a recomendação é nenhuma exposição a telas. 
  • Para aquelas de 2 a 5 anos, o limite é de 1 hora por dia, sempre com supervisão dos responsáveis. 
  • Para crianças de 6 a 10 anos, a orientação é de até 1 hora e meia diária, também sob supervisão. 
  • Para adolescentes a partir de 11 anos, o tempo máximo recomendado é de 2 horas e meia por dia. 

“Oriento meus pacientes a não exceder esses limites, para proteger a saúde ocular e geral das crianças,” conta a oftalmopediatra.

Além de limitar o tempo de tela, exercícios visuais podem ser incorporados na rotina das crianças para prevenir problemas oculares. A oftalmopediatra do CBV-Hospital de Olhos recomenda manter a tela a uma distância de 30 cm a 40 cm dos olhos e seguir algumas regras. “A cada 20 minutos de uso, descansar os olhos por 20 segundos, olhando para algo distante.” Além disso, é aconselhável fazer uma pausa de 15 minutos a cada 2 horas de uso de telas e lembrar as crianças de piscar frequentemente para evitar o ressecamento dos olhos.

Meloenfatiza também a importância de uma supervisão atenta dos pais e responsáveis e da implementação de rotinas equilibradas para minimizar os impactos negativos da luz azul e do uso excessivo de telas. Se manter as crianças longe do celular, tablet ou computador é cada vez mais difícil, manter a atenção no bem-estar dos pequenos e no tempo de exposição à luz azul é cada vez mais necessário. 

Matérias
relacionadas