Já ouviu falar em DTM ou dor na mandíbula?

A cada ano 2 milhões de pessoas no Brasil são afetadas por dores na mandíbula, ou melhor, a disfunção temporomandibular (DTM). Ela é causada principalmente pelo estresse e pela tensão da musculatura da mandíbula. Também pode ocorrer em função do bruxismo, hábito involuntário de ranger ou apertar os dentes.

Responsável por ligar a mandíbula ao crânio, a Articulação Temporal Mandibular (ATM) pode sofrer desgaste e provocar dores intensas, dificuldade de mastigação, estalos e travamentos, entre outros transtornos. Em alguns casos, o problema chega a se tornar crônico.

A psicóloga Elisângela Dantas descobriu que sofria de DTM em 2006. A princípio ela se queixava de dor facial, cefaleia, dificuldade para mastigar e dor no ouvido. Após inúmeras avaliações e exames, foi diagnosticado o distúrbio de articulação temporal mandibular. “Passados três anos, o problema só se agravou como até no trabalho eu precisei mudar de função, pois eu era telemarketing de banco e com a DTM precisava de repouso nos movimentos da fala”.

Mesmo com o tratamento clínico, uso de placa de mordida e medicações, Elisângela passou por três procedimentos cirúrgicos de artoplastia, entre 2009 e 2011. “Mas o problema maior foi o dano psicológico. Eu tinha fortes dores diariamente, o que afetava muito minha vida social. Precisei tratar de depressão e síndrome do pânico, por conta desse problema. Hoje, não sinto mais dor todos os dias, mas tenho algumas crises. Houve uma melhora na qualidade de vida, mas ainda preciso de acompanhamento médico e remédios para manutenção da dor, que é bem difícil administrar, não é fácil mesmo”, completa a psicóloga.

Como tratar a DTM

O grande problema da DTM é que, ao contrário de Elisângela, que buscou tratamento, muitas pessoas passam a conviver com o problema, o que contribui para a piora do quadro e não a solução. Segundo Raphael Capelli Guerra, coordenador do Centro de Tratamento de Disfunção Temporomandibular (DTM) do Hospital Leforte, ao identificar qualquer tipo de alteração na região da mandíbula, é recomendável que o paciente procure rapidamente um especialista para avaliar o diagnóstico ou não da DTM, evitando maiores danos.

O tratamento é multidisciplinar, incluindo o clínico, as terapias complementares e a reabilitação oral, com restabelecimento, por exemplo, de dentes perdidos.

Novas descobertas

A cirurgia é necessária em torno de 35% dos casos. O médico Raphael Capelli Guerra foi um dos brasileiros responsáveis pelo desenvolvimento de uma nova técnica minimamente invasiva, que conseguiu reduzir os efeitos colaterais e diminuiu o tempo necessário de internação dos pacientes.

“Com uma pequena incisão, o profissional tem acesso direto à cavidade articular e já consegue fazer a correção de disfunções na ATM”, afirma Guerra.

“O tratamento pode ser simples e, mesmo no caso cirúrgico, é cada vez menos invasivo. Essa nova técnica reduz a taxa de morbidade, edemas e cicatriz através da utilização do endoscópio. Em vez dos dois dias de internação necessários anteriormente, 90% dos nossos pacientes tiveram alta hospitalar no mesmo dia”, completa.

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