Muito se fala nos avanços tecnológicos nos hospitais, com equipamentos e programas de ponta. Mas o que isso representa para o paciente no fim das contas? “A revolução já está acontecendo. Temos testes de biópsia, por exemplo, usados não só para diagnosticar um potencial câncer em paciente saudável, mas também para identificar a origem dele por meio da Inteligência Artificial”, exemplificou Eric Topol, renomado cardiologista norte-americano e pesquisador, durante o Conahp 2022 – o maior congresso de saúde do Brasil.
Para o especialista, que apresentou no evento o painel “Medicina profunda: como a inteligência artificial (IA) pode tornar a saúde humana novamente”, mais do que automatizar processos, a tecnologia vem para restaurar a qualidade humana da interação médico-paciente. “Temos que fazer com que os médicos esqueçam o teclado e a tela e tornem a experiência mais empática para o paciente”, comenta.
A fórmula, segundo ele, é simples: enquanto a inteligência artificial trabalha em processos como contas, análises de dados, preenchimento de prontuários e receitas, o médico tem mais tempo livre para dedicar aos pacientes.
Topol acrescenta que a tecnologia da IA também dará mais autonomia aos pacientes e permitirá aos médicos monitorarem a saúde remotamente, por meio de dispositivos como celulares e smartwatches. “Dispositivos desse tipo poderão levar independência ao paciente por meio de aplicativos já disponíveis, que fazem escaneamento de pressão, humor e atividades cardíacas, além de ultrassom.”
Dessa forma, sobra tempo em consulta para um atendimento mais duradouro e humanizado, sem que o médico precise escrever prontuários longos em vez de ouvir – atentamente – o paciente.
Inteligência artificial nos hospitais brasileiros
No interior de Minas Gerais, uma tecnologia inovadora tem mudado a rotina do Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga. A instituição, administrada pela Fundação São Francisco Xavier (FSFX), acaba de implantar o sistema Dr. Marvin, um programa que, entre outras funções, faz a leitura de prontuários.
“Dessa forma, vamos tornar processos mais rápidos e transparentes para o nosso cliente. Além disso, o sistema promoverá uma troca mais assertiva com as operadoras de planos de saúde”, comenta a analista de faturamento da FSFX, Jéssica Sabrina Marques.
Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, a farmácia do Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo ganhou um reforço de peso para as operações do dia a dia. Com a ajuda do software NoHarm.ai, a análise das receitas médicas ficou mais ágil e segura. O programa consegue, por exemplo, prever se o paciente pode sofrer algum efeito de interação entre medicamentos.
“Com o No.Harm.ai, antecipamos os erros, interações medicamentosas e incompatibilidades. Ele também ajuda nas evoluções em prontuário e mede, em relatórios, os indicadores”, diz o gerente de suprimentos e responsável técnico da Farmácia, Crismaiguel Dalbosco.