Hospital aposta no lúdico para tornar a internação menos difícil para as crianças

Se ficar no hospital já é complicado para um adulto que consegue entender a necessidade de tratar uma doença, imagine para uma criança que gostaria apenas de estar brincando com os amigos e a família. Para que esse período seja menos angustiante, o Hospital Moinhos de Vento aposta em atividades lúdicas que ajudam os pacientes a passar pelo processo e a estabelecer uma relação de confiança com a equipe de cuidados.  

A coordenadora assistencial da Pediatria, Rosa Inês Rolim, afirma que uma das principais fontes de estresse e angústia das crianças que precisam ficar internadas é estar fora da rotina, longe da família – pois costumam ficar acompanhadas de apenas um familiar – e de tudo o que é delas: os brinquedos, o quarto, o animal de estimação e os amiguinhos do colégio. 

“Por isso realizamos muitas atividades que envolvam o brincar, que fazem com que eles se aproximem de outros pacientes e dos funcionários, fazendo novas amizades”, explica. Segundo Rosa, principalmente entre os pacientes da Pediatria na faixa de 5 e 6 anos, há uma ideia de castigo. Elas acham que ficaram doentes porque fizeram algo de errado. 

Outro aspecto é a limitação de espaço: ter que ficar em um quarto em contato com adultos que não conhece. Segundo Rosa, não é raro algumas crianças expressarem que não confiam na equipe médica. Para trabalhar estas duas questões, o hospital promove a Oficina de Brinquedo Coletivo e tem o grupo Canta e Encanta. 

Na primeira, a equipe de cuidados e os pacientes constroem brinquedos e brincam juntos. Ao conhecer outras crianças que estão em situação semelhante, os pequenos pacientes fazem novas amizades e deixam de achar que a doença é um castigo destinado só para eles. 

No Canta e Encanta, técnicos de enfermagem ensaiam uma música infantil que é sucesso entre os pacientes e apresentam dentro da Pediatria, chamando os pacientes para cantar e dançar nos corredores. Esse momentos são benéficos não somente para as crianças, conta Rosa. 

“Para os funcionários, as atividades junto com as crianças ajudam na relação de confiança e deixam a rotina mais leve também”. Ela conta que há afastamentos por depressão, porque o trabalho na Pediatria é pesado pelas questões emocionais que envolve: a convivência com o sofrimento da criança e também de toda a família. “Eles também pensam muito no filho que tem em casa, há uma contratransferência”, afirma. 

Na internação da Pediatria do Hospital Moinhos de Vento, há 42 funcionários e 47 leitos, com uma média de ocupação de 36. Na UTI, são 41 funcionários e 11 leitos, com uma média de ocupação de 10. 

Visita pet

A Pediatria do hospital também começou a promover, com a ajuda das famílias, visitas dos animais de estimação às crianças no hospital. E a medida tem se mostrado muito importante para reverter quadros depressivos de alguns pacientes. 

Rosa conta que uma das últimas experiências foi com um menino que estava na UTI. “Na internação era algo que já acontecia com frequência, e o desafio da equipe foi realizar uma visita pet na UTI. Há umas três semanas, fizemos uma com um menino com encefalite viral que estava depressivo e teve uma grande mudança de ânimo depois que recebeu a visita do cachorrinho”, conta. 

Rosa explica que são observadas uma série de regras e cuidados que as famílias ajudam a providenciar para permitir que o animal esteja com o paciente.

A Pediatria também ganhou recentemente uma nova decoração na emergência com a Turma do Moinho: três personagens crianças que levam o paciente para uma “viagem” no espaço enquanto são atendidos, e assim ficam mais calmos na hora dos procedimentos.

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