Hospitais oferecem plantão psicológico e programa de saúde mental no Janeiro Branco

No mês dedicado à saúde mental, os hospitais desenvolvem ações voltadas para o público interno e externo para conscientizar e orientar sobre problemas como depressão, ansiedade e estresse. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 12% da população mundial necessita de cuidados para esse tipo de transtorno, mas nem todos conseguem procurar por ajuda profissional. A OMS estima, por exemplo, que são 350 milhões de pessoas com depressão, sendo que 45% não tiveram um diagnóstico especializado – e, logo, não recebem o tratamento adequado.

Em apoio à campanha do Janeiro Branco, o Hospital Santa Virgínia (HSV) realizou uma semana inteira dedicada à saúde mental, com um plantão psicológico para atendimento gratuito da população no ambulatório da instituição em São Paulo. “Realizamos esta ação para orientar, sensibilizar e direcionar os participantes para o cuidado com a saúde mental, fazendo psicoeducação referente às doenças mentais”, explica a psicóloga Maricélia Brito de Lima, coordenadora do serviço de Psicologia do HSV.

Segundo Maricélia, na maioria dos atendimentos foram relatados sintomas de ansiedade, depressão, alto nível de estresse negativo e questões existenciais. “Na Região Metropolitana de São Paulo, há 29,6% de pessoas com transtornos mentais – sendo 10% distúrbios graves –, conforme revelou o estudo São Paulo Megacity Mental Health Survey”, diz a psicóloga. Os transtornos de ansiedade foram os mais comuns, afetando 19,9% dos entrevistados. Em seguida, aparecem transtornos de comportamento (11%), de controle de impulso (4,3%) e abuso de substâncias (3,6%).

“A hora de procurar ajuda profissional é quando os sintomas estão prejudicando a funcionalidade saudável das pessoas. Entretanto, o olhar para o cuidado com a saúde mental necessita vir desde o início da vida, cuidando das crianças para se tornarem adultos mais saudáveis”, afirma Maricélia.

Programa exclusivo de saúde mental
Em atenção à saúde mental dos profissionais que trabalham em ambiente hospitalar, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, lançou durante o Janeiro Branco um serviço permanente de atendimento exclusivo de transtornos mentais voltado para colaboradores e seus familiares.

Segundo o gerente médico do programa de Saúde Integral do hospital, Leonardo Piovesan, o objetivo é mapear as áreas com maior acometimento de doenças, criar um plano individual para cada colaborador ou familiar e trabalhar a gestão de estresse, comunicação e resiliência para líderes de cada setor do hospital. “Partimos da mesma premissa do programa de saúde do colaborador, de que quem é bem cuidado cuida melhor. Por isso, também vamos atuar com iniciativas de acolhimento e prevenção”, comenta Piovesan.

Para derrubar tabus sobre o tema e fazer a informação circular, os colaboradores podem acessar na intranet e também receber por e-mail ou celular conteúdos que falam dos sintomas e das consequências do adoecimento emocional.

A cada seis meses, os profissionais também respondem a um questionário digital, validado cientificamente pela OMS, e que auxilia na compreensão das doenças. O resultado da pesquisa dá acesso ao diagnóstico da saúde mental do indivíduo e propõe o encaminhamento para o tratamento, caso necessário.

O Centro Avançado em Terapia de Suporte e Medicina Integrativa do hospital pode indicar ainda práticas como acupuntura, aromaterapia, cromoterapia e meditação focadas em saúde mental como parte do tratamento.

Uma equipe formada por psicólogos, psiquiatras e médicos de família realiza os atendimentos e, na análise dos casos, recebe consultoria da empresa Gattaz Health & Results – liderada por Wagner Gattaz, do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo. Gattaz afirma que doenças mentais são a segunda principal causa de afastamento em ambientes hospitalares. Em primeiro, estão as doenças osteomusculares, porém parte das queixas de dores podem estar relacionadas a questões de fundo psicológico.

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