Hanseníase tem cura e a transmissão é interrompida após início do tratamento

A bactéria causadora da hanseníase afeta homens e mulheres de todas as faixas etárias e é transmitida pela tosse, espirro ou fala

Uma mancha branca, vermelha ou marrom na pele, com alterações de sensibilidade ao calor, frio, dor ou tato, pode ser um sintoma de hanseníase – uma doença infecciosa transmitida por meio de gotículas do espirro, tosse ou fala contaminadas pelo bacilo Mycobacterium leprae após um longo período de exposição a indivíduos sem tratamento. 

A doença atinge homens e mulheres de diversas faixas etárias. Ela tem cura e quem começa o tratamento deixa de transmitir a doença devido ao efeito dos medicamentos. Quando não tratada, ou se tratada tardiamente, pode causar deformidades e deficiências físicas.

Apesar de antiga – a doença é conhecida há mais de quatro mil anos -, a hanseníase ainda está no foco da saúde pública mundial. O Brasil ocupa a 2ª posição entre os países que mais registram novos casos por ano, atrás apenas da Índia.

O Ministério da Saúde anunciou que pretende eliminar a doença até 2030, cinco anos antes da meta fixada pela ONU (Organização das Nações Unidas). Para isso, incorporou ao rol de procedimentos da rede pública testes de apoio ao diagnóstico da hanseníase, e um deles já está disponível desde fevereiro de 2023. Trata-se de um teste rápido que detecta anticorpos IgM anti-Mycobacterium leprae.

O segundo deve estar disponível ainda no primeiro semestre de 2024, e é um teste para detecção do material genético do M. leprae em amostras coletadas por biópsia de pele ou nervo. 

Outro teste, que também chegará em breve, detecta cepas resistentes aos antimicrobianos usados no tratamento da doença. Nesse caso, o resultado poderá guiar qual tipo de medicamento será adotado no paciente.

Transmissão e contato prolongado

A hanseníase é transmitida quando um paciente, sem tratamento, elimina o bacilo ao espirrar, tossir ou falar. No entanto, é preciso um contato próximo prolongado para haver contaminação. Ações como dar um abraço, compartilhar pratos, talheres, roupas de cama e outros objetos não são considerados agentes transmissores da doença.

Após ocorrer a infecção, a doença pode ter longo período de incubação. De acordo com o Ministério da Saúde, o tempo desde até a manifestação dos sintomas pode durar, em média, de dois a sete anos.

No Brasil, as maiores concentrações de casos ocorrem nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, consideradas importantes áreas de transmissão da doença.

De olho nos sintomas para o diagnóstico precoce

A hanseníase é diagnosticada por meio de exames físicos gerais dermatológicos (para identificar as manchas), mas também neurológicos (para verificar alterações de sensibilidade do local). Isso porque a bactéria causadora da doença acomete o sistema nervoso periférico, e pode haver sintomas mesmo sem o aparecimento de manchas.

Alguns sinais que podem servir de alerta são quando a pele deixa de suar, fica muito seca ou quando há áreas em que os pelos caiam ou diminuem de quantidade. Outros sinais, ainda, são dormência, formigamento ou sensação de coceira. É importante observar porque quanto mais cedo o diagnóstico, maiores são as chances de cura.

Abaixo estão os principais sintomas da hanseníase:

  • manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo, com perda ou alteração da sensibilidade ao calor e ao frio, ao tato e à dor, principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas;
  • áreas do corpo com diminuição dos pelos e do suor;
  • dor e sensação de choque, formigamento, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas;
  • inchaço em mãos e pés;
  • diminuição da sensibilidade e/ou da força muscular da face, mãos e pés;
  • lesões em pernas e pés;
  • caroços no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos;
  • febre, inchaço e dor nas articulações;
  • entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz;
  • ressecamento nos olhos.

O tratamento é feito por meio de remédios antimicrobianos, como rifampicina, dapsona e clofazimina. A combinação evita a resistência ao medicamento, e é oferecida gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O paciente toma a primeira dose mensal com um supervisor de saúde, e as demais são autoadministradas. A duração do tratamento varia de seis meses a um ano. Já no início do tratamento, o paciente deixa de transmitir a doença.

E lembre-se: a qualquer sinal ou sintoma, consultar um médico é fundamental!

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