Febre maculosa: entenda os riscos e a transmissão

Febre, dores no corpo e de cabeça, náuseas e vômito são sintomas pouco esclarecedores, não é mesmo? Mas podem ser associados à febre maculosa, que vitimou ao menos cinco pessoas nos últimos dias. Esses sintomas iniciais se confundem com os de outras doenças, como leptospirose, dengue e até Covid. Mas se o paciente visitou zonas de risco e tem histórico de picada de carrapato, responsável por transmitir a doença, deve acender um alerta.

Gabriel Redondano Oliveira, diretor técnico médico do Vera Cruz Hospital, em Campinas, cidade que se tornou palco das infecções que ganharam a mídia no mês de junho, explica que se trata de uma doença infecciosa causada e transmitida pelo carrapato-estrela, encontrado principalmente em capivaras, gado e cavalos. Cachorros que estiveram em contato com tais animais também podem carregar o inseto para dentro de casa.

Para passar a doença aos humanos, é preciso que o carrapato esteja infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii, causadora da doença. Não há transmissão de pessoa para pessoa: a R. rickettsii é propagada aos humanos e aos animais apenas por meio da picada do carrapato infectado. Oliveira ressalta ainda que apenas 1% desses insetos estão contaminados com a doença, ou seja, mesmo que tenha encontrado um deles na pele, não significa que irá contrair a febre maculosa.

Sintomas

Após a picada do carrapato, existe um período de incubação de dois a 14 dias. Uma vez que a pessoa é infectada, os sintomas surgem de forma repentina e avançam rapidamente, explica Natalia Reis Fraga, infectologista coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar na Santa Casa de São José dos Campos. Os principais são:
🩺 Febre
🩺 Dor de cabeça intensa
🩺 Náuseas e vômitos
🩺 Diarreia e dor abdominal
🩺 Dor muscular constante
🩺 Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés
🩺 Gangrena nos dedos e orelhas
🩺 Paralisia dos membros, que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões, causando paragem respiratória

O paciente tem febre intensa durante dois ou três dias, enquanto a bactéria vai destruindo os vasos sanguíneos, o que provoca lesões na pele. Em poucos dias, pode haver, por exemplo, insuficiência renal, respiratória, necrose de tecidos, entre outras complicações graves. Se não tratada no início, a mortalidade é alta.

Um exame sorológico é feito, mas dada a alta taxa de letalidade da febre maculosa, o tratamento com antibióticos é iniciado independentemente do resultado, que pode demorar até 30 dias.

Tratamento

Tudo depende do diagnóstico ágil dos especialistas. Com a suspeita a partir do quadro clínico, explica Fraga, o tratamento com antibióticos é iniciado por um período mínimo de sete dias. Mas pode se estender.

Como os sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças, a imprecisão no diagnóstico inicial pode gerar complicações graves, e a medicação pode não surtir o efeito esperado.

Como prevenir a doença

Oliveira ressalta que não existe tratamento profilático, ou seja, tomar um medicamento que previne a doença. O que se faz é seguir orientações para evitar o contato com o carrapato quando se está em um local de contágio. Ao visitar lugares com vegetação, adote essas precauções:

  • Use calças e meias compridas – vale prender a barra com um elástico ou sobrepor a meia na perna da calça;
  • Dê preferência para roupas claras, que facilitam a identificação do inseto;
  • Depois de visitar locais propícios à proliferação de carrapatos, faça uma varredura pelo corpo;
  • Se identificar um carrapato na pele, retire-o utilizando luvas e pinças. Evite esmagar os carrapatos para não se contaminar;
  • Aplique carrapaticidas em cães e cavalos, segundo recomendação do médico veterinário.

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