Falta de atenção, inquietação e impulsividade: como saber se eu tenho TDAH?

Agitação, atenção dispersa e a concentração prejudicada. Esses são apenas alguns dos sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), uma condição neurobiológica que afeta cerca de 3% da população mundial, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Anualmente, ela é lembrada no mês de julho para que as pessoas possam aprender a identificar os sinais, tanto em crianças quanto em adultos, e responder a pergunta que parece cada vez mais comum: afinal, será que eu tenho TDAH?

O TDAH se manifesta de diferentes formas, com intensidade e características que podem variar de acordo com a pessoa. Alguns dos sintomas mais comuns, no entanto, são a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade. Somados, esses sinais podem levar a pessoa a ter dificuldades em organizar tarefas, manter o foco em atividades, a permanecer sentado por longos períodos e agir sem pensar, tomar decisões precipitadas e ter dificuldade em controlar a frustração.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico do TDAH é um processo complexo e individualizado, feito por uma equipe multiprofissional composta por médicos, psicólogos e neuropsicólogos. A avaliação segue um protocolo criado pelo Ministério da Saúde, leva tempo e passa por entrevistas com pais, professores e o próprio indivíduo, além de testes psicométricos e observações comportamentais.

Pais e professores têm um papel fundamental no diagnóstico do TDAH. Normalmente, são eles os primeiros a notar os sintomas e a relatar aos profissionais de saúde. Anderson Nitsche, neuropediatra do Hospital Pequeno Príncipe, explica que é importante que eles forneçam informações detalhadas sobre o comportamento da criança em diferentes contextos e colaborem durante o processo de avaliação. “Além disso, é essencial que ofereçam apoio emocional e encorajamento à criança, contribuindo para a melhoria da autoestima e do bem-estar geral”, afirma.

O diagnóstico precoce é importante e quanto mais cedo for realizada essa identificação e o início do tratamento adequado, maiores as chances de minimizar os impactos do TDAH na vida da pessoa. “O diagnóstico pode variar significativamente em termos de tempo. Em média, pode levar de seis meses a um ano. Isso se deve ao fato de que envolve uma avaliação abrangente, incluindo a coleta de informações de várias fontes, como pais, professores e profissionais de saúde, além de observações diretas do comportamento da criança. Além disso, há necessidade de analisar possíveis diagnósticos diferenciais e comorbidades”, afirma o neuropediatra.

Tratamento para TDAH

O tratamento é individualizado e deve ser adaptado às necessidades específicas de cada pessoa. Uma combinação de abordagens costuma ser o mais comum. Entre elas, estão:

  • Terapia comportamental: que auxilia no desenvolvimento de estratégias para gerenciar os sintomas, melhorar a organização e o controle do tempo.
  • Medicação: estimulantes que podem ajudar a aumentar os níveis de dopamina e norepinefrina no cérebro, melhorando a atenção, o foco e a organização.
  • Orientação familiar: auxilia pais e cuidadores a compreender a condição e desenvolver estratégias para lidar com os sintomas em casa.
  • Intervenções educacionais: auxiliam as escolas a adaptar seus métodos de ensino para atender às necessidades de alunos com TDAH, promovendo um ambiente de aprendizagem mais inclusivo e eficaz.

De acordo com o neuropediatra do Hospital Pequeno Príncipe, diagnosticar o TDAH na infância é fundamental pois permite a implementação precoce de intervenções terapêuticas e educacionais, o que irá resultar em uma evolução significativa no desenvolvimento educacional e social da criança. “Crianças diagnosticadas e tratadas de maneira adequada tendem a apresentar uma melhor qualidade de vida, enfrentando menos conflitos tanto no ambiente doméstico quanto no escolar”, afirma.

A falta de diagnóstico e tratamento do TDAH durante a infância pode resultar em impactos negativos na vida adulta. Indivíduos não diagnosticados e não tratados podem ter dificuldades para concluir os estudos e manter seus empregos. Além disso, podem enfrentar problemas nas relações pessoais e familiares. “Há, também, um risco aumentado de desenvolver condições de saúde mental comórbidas como depressão, ansiedade e abuso de substâncias. Além disso, lidar com os sintomas sem o devido suporte pode levar a uma baixa autoestima e autoconfiança, prejudicando a qualidade de vida e o bem-estar geral”, diz Nitsche.

Apesar de ser possível identificar precocemente e ter tratamento multidisciplinar eficaz, o TDAH não tem cura, mas com o acompanhamento adequado a maioria dos indivíduos pode controlar os sintomas e ter uma vida produtiva. Para isso, porém, também é importante que os preconceitos sejam derrubados com cada vez mais informação.

  • TDAH não pode ser confundido com “falta de vontade” ou “preguiça”.
  • Não é uma condição que afeta apenas as crianças.
  • A condição não tem relação alguma com uma criança ser ou não inteligente.
  • Os medicamentos são seguros e eficazes quando utilizados sob orientação médica.

No mês em que o TDAH é lembrado, não se esqueça que compreender os sintomas, buscar o diagnóstico adequado e seguir o tratamento correto são passos para uma vida plena e produtiva. Além disso, ajudar a espalhar as informações corretas e de fontes confiáveis, como o Saúde da Saúde, é a melhor forma de derrubar os preconceitos e incluir a todos.

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