Especialista explica por que é seguro (e necessário!) doar sangue durante a pandemia

Os protocolos de segurança sempre foram rígidos e medidas adicionais foram implementadas nesta fase

Com a redução do número de doadores em decorrência das medidas restritivas de circulação e do receio das pessoas de se deslocar até os bancos de sangue, os estoques ficaram muito baixos ao longo da pandemia em todo o país. Mas o procedimento pode ser feito com segurança, conforme explica o médico Sérgio Vieira, líder da hematologia e coordenador do Banco de Sangue do Hospital do Coração – HCor, em São Paulo. O banco conta com a certificação diamante no Programa de Acreditação Qmentum International (IQG, na sigla em inglês), que monitora padrões de alta performance em qualidade e segurança na área de saúde e permite que as instituições acessem padrões internacionais de excelência e inovação. Confira a entrevista com o especialista:

Saúde da Saúde – Muitas pessoas deixaram de doar sangue durante a pandemia. Qual foi a consequência disso para os bancos de sangue?
Sérgio Vieira – Os tipos sanguíneos com Rh negativo foram os primeiros a faltar e os estoques de tipos sanguíneos com Rh positivo ficaram abaixo do que é considerado um nível crítico. Com isso, foi necessário um grande esforço para remanejamento de cirurgias não urgentes e outras medidas de redução do consumo de sangue para que fosse possível atender pacientes críticos e emergências. Também foram desencadeadas grandes campanhas de conscientização sobre a segurança e a importância da doação de sangue neste momento.

Doar sangue é mesmo seguro nas atuais circunstâncias?
Os bancos de sangue se prepararam para seguir todas as medidas necessárias para garantir a segurança de doadores e colaboradores. Principalmente no momento atual, após um ano de pandemia, já se sabe muito bem quais são os meios de contaminação e, por isso, é possível implementar medidas de proteção muito eficazes. Entre as medidas adotadas estão o distanciamento entre os doadores, a utilização de máscara por todos, sejam doadores ou colaboradores do banco de sangue, o uso do álcool em gel para limpeza das mãos, entre outras orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Quais são os cuidados necessários para quem decide doar neste momento?
Além das recomendações habituais, como vir alimentado e evitar esforço físico após a doação, nesse momento de pandemia recomendamos que o doador procure ir ao banco de sangue de segunda a sexta, quando o fluxo de pessoas é menor. Também é orientada a utilização de máscara durante todo o período em que estiver no banco de sangue e, sempre que possível, entrar em contato antes de ir ao local para verificar previamente se há algum impedimento à doação em decorrência, por exemplo, de medicamentos em uso, exames ou tratamentos a que a pessoa tenha sido submetida recentemente, doenças das quais seja portadora ou vacinas que tenha recebido recentemente. Com isso, é possível evitar deslocamentos desnecessários.

Quem pode e quem não pode doar sangue?
A legislação brasileira é bem detalhada a respeito da doação de sangue. Então, existem muitos itens que precisam ser verificados. De modo geral, podem doar pessoas saudáveis, entre 16 e 69 anos – se menor de 18 anos, é necessária autorização por escrito de um responsável legal e, se maior de 60, só poderá doar se já tiver doado alguma vez antes de completar 60. Também é necessário ter peso superior a 50 quilos e não ter feito tatuagens nos últimos 12 meses. Os sites dos bancos de sangue costumam ter uma lista completa dessas orientações.

Com que frequência uma pessoa pode doar?
O doador de sangue total, ou seja, aquele que doa uma bolsa de sangue, pode fazer quatro doações ao ano, se for homem, e três doações, se for mulher. Essa frequência pode ser diferente para outros tipos de doações de sangue, em que o doador doa apenas um dos componentes do sangue.

O procedimento dá direito a atestado médico?
Sim, é garantido o afastamento do trabalho no dia da doação.

O doador recebe os resultados dos exames realizados após a doação? Qual eles são?
Cada banco de sangue pode definir a forma como os resultados são entregues ao doador. No Banco de Sangue de São Paulo/GSH, que atende junto ao HCor, o doador pode verificar os resultados dos seus exames realizados por meio do site. No material doado são realizados exames que pesquisam doenças contagiosas pelo sangue, como: hepatite B, hepatite C, HIV e doença de Chagas, entre outros, além da tipagem sanguínea e da pesquisa de hemoglobinas anormais.

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