No mês de agosto, o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso, no Brasil, da EG.5 da Covid-19 (subvariante da Ômicron) – ou Éris, como é popularmente conhecida. A paciente era uma mulher de 71 anos que teve sintomas similares aos de outras variantes do vírus, como febre, tosse, fadiga e dor de cabeça. Na época do anúncio (dia 17), ela já estava curada e, segundo o Centro de Informações em Vigilância em Saúde (Cievs), havia tomado todas as doses de vacina, que continua sendo a principal recomendação para combater a doença.
A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) informou que a Éris possui mutações com maior capacidade de transmissão e de escape imune. Em outras palavras, essa variante é “capaz de aumentar o número de casos mundialmente e se tornar a cepa predominante”. Mas não há registro de que os sintomas sejam diferentes dos associados a linhagens do coronavírus que já estavam em circulação.
Notificada pela primeira vez em fevereiro, no exterior, a EG.5 já chegou a mais de 50 países. “Tem ocorrido no mundo um aumento constante de infecções por EG.5. Essa tendência também foi observada em alguns países da região [as Américas], incluindo Canadá, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana e Estados Unidos. Entretanto, até o momento, não foram notificadas mudanças na gravidade da doença”, declarou a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em nota.
O médico Diego Falci, infectologista do Hospital São Lucas, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), avalia que, apesar disso, “nada indica que teremos um aumento significativo de casos”. Mas, assim como outros especialistas, insiste que não se pode abrir mão das medidas de precaução já conhecidas (veja mais abaixo).
Que cuidados tomar com Éris?
A SBI alerta que não há necessidade de alteração nos cuidados. Para reduzir os impactos da circulação da nova linhagem, a entidade indica quatro ações:
- Vacinação: calendário sempre atualizado com doses de reforço, pois as vacinas são ativas para todas as variantes, incluindo a EG.5.
- Máscaras: principalmente para população de risco e em lugares fechados, com ventilação reduzida e aglomeração.
- Testes: em caso de suspeita de contaminação para isolar os casos positivos e reduzir a transmissão.
- Medicação: indicada por especialista, em caso de diagnóstico positivo e nos primeiros cinco dias após o aparecimento de sintomas – o objetivo é prevenir quadros graves, mediante avaliação médica.
A Éris pode causar casos mais graves de Covid?
Com base nas evidências disponíveis, o risco à saúde pública representado pelo EG.5 foi avaliado como baixo e é semelhante ao de outras variantes circulantes preocupantes, como informa a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Diego Falci explica: “Subvariantes da Ômicron têm aparecido ao longo dos últimos meses e esse fenômeno é esperado. Algumas variantes terão impactos diferentes das anteriores, entretanto, a imunidade hoje presente na população, conferida por vacinas e infecções naturais, previne que o impacto seja semelhante ao que ocorreu em 2020-2022”.
Sobre a possibilidade de a Éris ter capacidade de driblar o sistema imunológico mais facilmente, ele esclarece: “Da mesma forma que variantes anteriores, pessoas que já têm anticorpos (seja por vacina ou infecção natural anterior) podem contrair a doença, ainda que geralmente com quadros leves”. O infectologista reforça que, a despeito da aparição de novas variantes ou subvariantes, a necessidade de vacinação continua a mesma.
O que fazer em caso de suspeita ou diagnóstico positivo?
Pessoas com quadros respiratórios devem procurar atendimento médico, seja em unidades básicas de saúde, pronto-atendimento ou emergência de hospitais, “especialmente aquelas pertencentes aos grupos de maior vulnerabilidade, que podem receber tratamento específico se tratadas no início da doença”, explica Falci.
No caso do remédio para tratar a doença, o infectologista afirma que se trata de “um antiviral que inibe a replicação do SARS-Cov-2, e pode ser usado em até cinco dias do aparecimento dos sintomas”. Por isso, o mais recomendado é procurar ajuda médica ao identificar os sintomas. “Comprovadamente, (a medicação) previne a progressão para quadros graves de Covid-19, e é indicada para pessoas com alto risco de progressão da doença.”
Curiosidade: de onde vem o nome Éris?
O termo Éris, que é o nome de uma deusa na mitologia grega, não foi oficialmente adotado pela OMS, que chama esta subvariante da Ômicron apenas de EG.5.
Em maio de 2021, a entidade passou a usar letras gregas para se referir às linhagens do coronavírus: Alpha, Beta, Gamma, Delta, Ômicron… A ideia era ter nomes fáceis de pronunciar e lembrar. Isso porque, para a população em geral, fica difícil citar nomes científicos, como B.1.617 ou B.1.351.
Além disso, a OMS queria evitar que o público e a imprensa adotassem denominações associadas a países ou regiões, abrindo espaço para estigmatização e discriminação.