Diabetes na gravidez: diagnóstico precoce é a chave para minimizar os problemas 

Uma das complicações médicas mais comuns na gravidez, a diabetes gestacional pode trazer riscos para o desenvolvimento do bebê. Além disso, embora geralmente deixe de existir após o parto, ela pode agravar o risco de a mulher desenvolver diabetes no futuro.

A diabetes gestacional acontece porque a placenta reduz a absorção de insulina para garantir o pleno desenvolvimento do bebê. Para compensar a redução, o pâncreas da mulher grávida aumenta a produção da insulina com o objetivo de regular a presença de açúcar no sangue da gestante. Mas nem sempre há equilíbrio nesse processo.

Os fatores de risco, segundo o Ministério da Saúde, são diagnóstico de pré-diabetes, pressão alta, colesterol alto ou alteração na taxa de triglicérides no sangue, sobrepeso, histórico familiar de diabetes, doenças renais crônicas, síndrome de ovários policísticos e distúrbios psiquiátricos (esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar). A Sociedade Brasileira de Diabetes acrescenta ainda a idade avançada da mãe e gravidez de gêmeos.

“Atualmente, a diabetes gestacional se confirmou como um problema de saúde pública. Um em cada seis nascimentos vem de mulheres com hiperglicemia durante a gestação e, em 84% dessas, o diagnóstico foi de diabetes gestacional”, afirma a médica ginecologista e obstetra Ana Paula Lino, do hospital Mater Dei Santa Genoveva, em Uberlândia (MG), referindo-se a dados de 2019 da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

O diagnóstico de diabetes gestacional é feito durante os exames de pré-natal, no primeiro trimestre e após 24 semanas. Por meio da análise de glicemia no sangue, é possível saber como está a metabolização do açúcar no corpo da gestante. É considerado diabetes gestacional se, em jejum, o resultado for maior que 92. E, no teste de sobrecarga de glicose, o resultado deve ser menor que 180 em uma hora, e menor que 152 em duas horas.

“Com um diagnóstico preciso e um tratamento adequado, é possível diminuir os riscos de malformações cardíacas fetais e congênitas, prematuridade e complicações maternas, como sangramento aumentado, dificuldades cirúrgicas, infecção operatória, entre outras”, destaca Lino. Além de evitar problemas para o feto, o controle adequado da diabetes na gestação pode minimizar os riscos dessa criança desenvolver a doença no futuro. 

A orientação é que as gestantes com diabetes, sob orientação médica, façam o controle da glicemia em jejum e uma hora após as principais refeições, sempre equilibrando os resultados com a ingestão de alimentos que não aumentem a quantidade de açúcar no sangue. Em casos em que não é possível controlar a glicemia apenas com a alimentação, a recomendação poderá ser a aplicação de insulina. Mas tudo isso dentro de um cuidado médico adequado e personalizado.

A diabetes é uma doença crônica silenciosa, que raramente apresenta sintomas, e exige atenção diária na alimentação e no controle da insulina. Estima-se que atualmente 500 milhões de pessoas convivam com a diabetes em todo o mundo, segundo a IDF (International Diabetes Federation, ou Federação Internacional de Diabetes, em tradução livre). 

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