Dezembro Laranja: queda no número de diagnósticos de câncer de pele na pandemia acende alerta para prevenção

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima 556 mil novos casos de câncer de pele no triênio 2020 e 2022, sendo mais de 185 mil em cada ano. Entretanto, o total de diagnósticos feitos entre o início de 2020 e outubro deste ano não chega a 100 mil. O medo da Covid-19 fez as pessoas deixarem de ir ao médico e isso acendeu um sinal de alerta na prevenção desse tipo de câncer, que representa 30% dos casos da doença no Brasil.

“Se diagnosticado em fase inicial, há 90% de chances de cura. No entanto, no período mais recente, em razão da pandemia e do medo das pessoas de fazerem exames rotineiros ou consultarem um médico, muitos pacientes tiveram o diagnóstico retardado, resultando em aumento do número de casos de câncer de pele descobertos em fases avançadas”, afirma Veridiana Camargo, oncologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Também por causa da pandemia, foram abandonados hábitos que contribuem na prevenção da doença, como deixar de usar protetor solar por achar que, estando em casa, não se está suscetível à radiação UV. Algumas pessoas também começaram a tomar sol com o objetivo de metabolizar a vitamina D, mas nem sempre se atentando às recomendações de horário.

Os números mostram que o cenário já não era favorável antes da pandemia. Embora seja um câncer de fácil prevenção, o tipo não melanoma é a neoplasia mais frequente entre homens e mulheres no mundo todo.

“Embora o Brasil seja um país ensolarado a maior parte do ano, a população, principalmente aqueles que vivem longe do litoral, pouco adere ao uso do protetor solar nas regiões do corpo expostas ao sol no dia a dia. O hábito de examinar a pele para acompanhar o surgimento e evolução de pintas e sinais suspeitos também é pouco difundido, sendo que nem sempre esse motivo leva o brasileiro ao consultório do dermatologista”, explica Reinaldo Tovo, coordenador do Núcleo de Dermatologia do Hospital Sírio-Libanês.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia comparou os números de pedidos de biópsias para detecção do câncer de pele feitos em 2019, período anterior à pandemia, e em 2020 e constatou uma diminuição de 48%.

Como se prevenir
O câncer de pele é o crescimento anormal das células da pele, normalmente em áreas com grande exposição ao sol – mas também podem acontecer casos em regiões não expostas. Está dividido em dois tipos:

  •  Não melanoma: é um dos tumores malignos mais registrados no país, costuma ser mais brando e evoluir de forma mais lenta.
  • Melanoma: é considerado grave devido ao alto risco de metástase, que é o espalhamento do câncer para outros órgãos.

Embora menos incidente (3% dos casos), o melanoma causa cerca de 2 mil mortes por ano. Mas, diferentemente do que muitos imaginam, o câncer de pele não melanoma (o mais comum é o carcinoma, que é menos agressivo), responde por 2,6 mil óbitos por ano no país.

Os médicos alertam para uma visão equivocada de que o tumor de pele, agressivo ou não, é um câncer menos grave. “Não é. Trata-se de uma doença maligna, que exige tratamento e acompanhamento”, reforça a oncologista da BP, Veridiana Camargo.

Esse tipo de câncer pode ser totalmente assintomático, por isso os especialistas recomendam uma consulta anual com o dermatologista e procurá-lo sempre que notar:

  • Manchas ou lesões assimétricas, com bordas irregulares, diâmetro de mais de 6 mm, que mudam de cor, formato ou tamanho;
  • Feridas que não cicatrizam entre 4 a 6 semanas;
  • Nódulos na pele com pequenas ulcerações ou verrugas dolorosas de crescimento progressivo.

Alguns fatores aumentam o risco:

  • Pele, olhos ou cabelos claros;
  • Histórico familiar da doença;
  • Ter o sistema imunológico enfraquecido por transplante, tratamento oncológico e infecções (como HPV);
  • Síndromes genéticas, como o albinismo.

Mas, independentemente de estar nesses grupos, a prevenção é fundamental. Para evitar a doença, é preciso adotar os seguintes cuidados:

  • Evitar ao máximo pegar sol das 9h às 15h;
  • Usar sempre protetor solar e reaplicar ao longo do dia;
  • Também ajudam na proteção chapéus, óculos de sol, camisetas, guarda-sol e guarda-chuva.

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