Cuidado à distância: a nova realidade da telemedicina no Brasil

A necessidade de isolamento social no combate à pandemia de covid-19 abriu caminho para que a telemedicina – que é o atendimento médico remoto – começasse a se tornar realidade no Brasil.

Autorizada em caráter temporário e emergencial pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) para o enfrentamento ao coronavírus, a prática possibilita a triagem de quem está com sintomas de covid-19, reduzindo o risco de contágio no trajeto casa-hospital e protegendo profissionais, que podem orientar remotamente os pacientes.

A telemedicina também mostrou-se uma ferramenta importante para manter o tratamento de doenças crônicas durante a pandemia. “Com o isolamento, muitos dos nossos pacientes não podem vir às consultas eletivas, mas as pessoas continuam com problemas de coração, de pulmão e outras doenças complexas. Então, precisamos garantir o acompanhamento mesmo durante a pandemia”, conta o gerente médico de Novos Serviços e Telemedicina no Hospital Infantil Sabará, Rogério Carballo Afonso, em entrevista à revista Panorama nº 74, da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp).

Com a liberação do recurso pelo CFM, o hospital passou a oferecer serviços de teleorientação de urgência e teleconsulta com especialistas.

Realidade pós-pandemia

O desafio agora, segundo especialistas, é aproveitar a oportunidade para tornar o exercício da medicina através da utilização de metodologias interativas de comunicação audiovisual e de dados uma realidade no Brasil quando a pandemia passar. Para isso, será preciso se adequar para oferecer serviços seguros e de qualidade para um grande número de pessoas. 

“Acredito que o ritmo vai ser acelerado no Brasil e esse método de cuidado vai ganhar espaço de forma irreversível”, diz Chao Lung Wen, médico e chefe da disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP.

“Eu chamo de medicina conectada, em que a telemedicina é apenas um método de interação com o paciente e, na medida em que o médico achar que precisa, encaminha para atendimento presencial”, diz o especialista. “Quando entendermos que esse método é só uma organização da cadeia de serviço, então tudo vai ficar mais simples”, afirma Wen.

Desde a sinalização do Ministério da Saúde para a regulamentação da telemedicina durante a crise, os hospitais privados criaram iniciativas como teleorientação de urgência, teleconsulta para atendimento de profissionais da saúde e até televisitas para os pacientes isolados em UTIs. 

No Hospital Israelita Albert Einstein, por exemplo, a telemedicina já vinha sendo coloca em prática e, até o final de 2019, havia 330 mil pessoas utilizando os seus serviços. Com a pandemia, esse número aumentou seis vezes, segundo Henrique Neves, vice-presidente do Conselho de Administração da Anahp e diretor-geral do hospital. 

“Temos agora 2 milhões de usuários e, por enquanto, a regulação é temporária, o que é negativo. O que fazemos depois com as pessoas e os profissionais que passaram a adotar o serviço? O Brasil foi muito conservador nesse assunto, o que atrasou a possibilidade de virtualização do atendimento na pandemia”, afirma. 

A implementação de um sistema de telemedicina não é tão simples quanto possa parecer e exige que os gestores e profissionais estejam atentos e bem treinados em relação a questões de segurança da informação, seguindo a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), para evitar problemas jurídicos caso um paciente seja prejudicado. 

A escolha da equipe é parte muito importante do processo: além de vasta experiência na profissão, também é necessário se adaptar ao modelo virtual da relação médico-paciente. Perfis agregadores são um diferencial, já que a relação pode ficar comprometida pela distância. E os profissionais mais estudiosos e com maior facilidade para seguir protocolos estão entre os mais procurados.

Quer saber mais sobre as perspectivas para a telemedicina no Brasil? Leia reportagem completa na edição 74 da revista Panorama. Baixe gratuitamente aqui: http://conteudo.anahp.com.br/revista-panorama-edicao-74

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