Creatina: os benefícios e os riscos do suplemento queridinho da vez

Superdosagem pode levar a efeitos colaterais, como desconfortos gastrointestinais e sobrecarga dos rins

O uso de creatina – um suplemento alimentar que atua no músculo – vem se popularizando entre atletas amadores e profissionais. Produzida naturalmente no corpo humano a partir de aminoácidos como arginina, glicina e metionina – sintetizados no fígado e nos rins –, a substância é usada em sua forma sintética para potencializar a performance em exercícios físicos, dando mais força e energia.

A creatina contribui para o aumento de força, melhora a recuperação do músculo e eleva a resistência em exercícios de alta performance. Mas o uso sem acompanhamento profissional pode levar à superdosagem e causar efeitos colaterais, como desconfortos gastrointestinais, desidratação e sobrecarga dos rins.

Karina Hatano, médica do esporte do Espaço Einstein, explica que a creatina é um composto de aminoácidos que age dentro das células, permitindo que o músculo trabalhe com maior intensidade em um curto período. Ela atua aumentando os níveis de fosfocreatina, que regenera o ATP – sigla para adenosina trifosfato, fonte primária de energia celular.

Uso da creatina complementar na prática de esportes e no pós-cirúrgico

Hatano explica que a creatina, em sua forma natural, pode ser encontrada em pequenas quantidades em alimentos de origem animal, como carne vermelha e peixe. Mas, como é difícil obter doses significativas apenas por meio da alimentação, a suplementação é usada para atingir benefícios no esporte e também pode contribuir para o pós-cirúrgico.

Segundo a médica do Esporte, não é necessário fazer exercícios para produzir creatina naturalmente, mas a atividade física aumenta a sua eficácia. “Atletas e esportistas buscam complementar a creatina para aumentar a energia durante treinos intensos, melhorar o desempenho atlético, aumentar a massa muscular e acelerar a recuperação”, explica Hatano.

No pós-cirúrgico, a creatina pode contribuir para a recuperação do paciente. Isso ocorre porque a substância é um aminoácido que ajuda na melhora da energia e na formação e recuperação da massa muscular. Mas, para ser efetivo, o paciente também precisa praticar algum tipo de atividade física, de acordo com a médica do Esporte.

A creatina em sua forma sintética é encontrada em pó ou em cápsulas e, segundo Hatano, o ideal é misturar o pó em líquidos, como água ou shakes de proteína, para facilitar o consumo. O uso pode ocorrer em qualquer momento do dia, mas alguns instrutores e treinadores sugerem tomá-la antes ou logo depois do treino a fim de otimizar a absorção e os benefícios, segundo o que explica a médica.

Riscos do consumo de creatina sem acompanhamento profissional

Apesar de ser um composto naturalmente produzido pelo corpo humano, o uso indiscriminado da creatina apresenta riscos. O suplemento pode causar desconforto gastrointestinal leve, desidratação e levar ao aumento da creatinina sérica, um resíduo químico derivado da degradação da creatina no organismo. Como essa degradação acontece no rim, o acúmulo pode prejudicar o órgão.

A creatina não é recomendada para quem tem problemas renais preexistentes ou toma medicamentos anti-inflamatórios. Por isso é importante ter um acompanhamento profissional. “Um profissional pode orientar sobre dosagem, potenciais interações [com outros medicamentos ou suplementos] e monitorar efeitos colaterais. Eles ajudam a maximizar benefícios e minimizar riscos”, afirma Hatano.

Outro risco é quanto ao produto adquirido. Segundo a médica do Esporte, nem todas as marcas são confiáveis. Por isso, o conselho é sempre buscar produtos de marcas renomadas, com registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), para ter garantia de qualidade e segurança.

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