Conversar pode evitar suicídios: saiba como ajudar

Mais de 13 mil suicídios são registrados todos os anos no Brasil – e mais de 1 milhão, no mundo. Trata-se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Para prevenir e reduzir estes números, existe a campanha Setembro Amarelo, promovida pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina.

“Entender o suicídio é uma questão complexa, já que ele envolve fatores de ordem genética, psicológica, sociológica e biológica, seja por momentos de crise, brigas em relacionamentos, impulso, falta de oportunidades ou desilusão pela vida”, explica Mônia Bresolin, psiquiatra e psicogeriatra que integra o corpo clínico do Hospital Dona Helena, de Joinville (SC).

Embora não haja causas únicas que expliquem o suicídio, é válido mencionar as mais recorrentes:

– estresse social
– perda de emprego
– dificuldades financeiras (não à toa, 75% dos países que registram suicídios são emergentes ou subdesenvolvidos)
– problemas de relacionamento
– traumas, como abusos sexuais
– depressão
– esquizofrenia
– abuso de álcool
– baixa autoestima
– sofrimento em relação à orientação sexual
– dificuldade de enfrentar problemas
– doenças e dores crônicas
– acontecimentos destrutivos, como grandes conflitos
“Esses fatores podem aparecer isoladamente e, em alguns casos, ainda, combinados”, frisa a profissional.

Todos podem ajudar a prevenir

Para mudar essa situação, uma alternativa apontada pela especialista é conversar abertamente sobre o tema. “Para ajudar uma pessoa a evitar o suicídio, é preciso perguntar sobre o assunto. A ideia que se tem é que, ao falar sobre suicídio, o risco de alguém realmente tirar a própria vida aumenta, mas isso não é verdade. Também é possível incentivar a pessoa a procurar ajuda, de preferência em um pronto atendimento médico”, reforça a psiquiatra.
“Não minimize qualquer conversa ou comportamento auto prejudicial e não subestime comportamentos por atenção. Pensamentos e ideações suicidas são uma emergência médica”, aponta.

Mônia também frisa a importância de uma cultura de escuta e empatia no ambiente familiar: “Quando se tem a abertura para o diálogo, sem críticas ou preconceitos, tem-se a oportunidade de identificar alguma alteração de comportamento da pessoa que convive no mesmo ambiente e, dessa forma, poder ajudá-la, incentivando que procure avaliação com médico psiquiatra para saber se está tudo bem”.

De olho na saúde mental
 
A atenção à saúde mental também é fundamental para diminuir o número de suicídios. “É comum que os casos estejam relacionados a transtornos mentais, como depressão e ansiedade”, explica Mônia.

Estudos mostraram um panorama geral dos transtornos mentais na população adulta, com índices que variaram entre 20% e 56%, acometendo principalmente mulheres e trabalhadores.

Confira alguns sinais de alerta, apontados pela psiquiatra, para doenças da saúde mental:

– Insônia
– Desânimo ou falta de prazer ao fazer suas atividades
– Alteração de humor
– Irritabilidade
– Falta de concentração
– Perda de memória
– Taquicardia (batimento cardíaco acelerado)
– Respiração ofegante ou entrecortada (sensação de falta de ar)
– Formigamento
– Choro constante e estresse excessivo
– Tremores
– Tensão
– Perda ou ganho de peso
– Dores de cabeça
– Dores musculares
– Problemas gástricos e digestivos
“Para diagnosticar uma doença mental, é preciso realizar uma entrevista [consulta] com psiquiatra. Após avaliação de todos os dados do paciente, o médico terá condições de fazer o diagnóstico. Algumas vezes são necessários alguns exames complementares. Cada diagnóstico tem seu tratamento específico. Geralmente se faz com medicações e psicoterapia”, explica a profissional.
Fonte: edição do texto original do Hospital Dona Helena

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