Como os hospitais garantem a segurança da medicação dos pacientes

O sucesso do tratamento de um paciente no hospital passa pela garantia de que os medicamentos que ele recebe são seguros e eficazes. Formas de rastrear os remédios desde o fabricante até o consumidor final são constantemente debatidas no setor de saúde, e os hospitais têm se movimentado para avançar nessa área e difundir uma cultura de qualidade e segurança.

Padrões e normas seguidas pelos fabricantes na produção dos medicamentos são o primeiro passo para uma cadeia segura de fornecimento. Cada embalagem deve conter, por exemplo, o Identificador Único de Medicamento (IUM), que funciona como o “RG” do produto. Ele agrega informações como número do lote, data de validade e código de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

Já dentro dos hospitais, os medicamentos começam a ser rastreados a partir do momento que chegam – e todas as unidades dos lotes são contabilizadas. “É importante localizar a distribuição de cada unidade de cada lote em sua menor quantidade de consumo. Os hospitais devem saber todos os lotes que entram na instituição”, explicou Nilson Malta, gerente de Automação Hospitalar do Hospital Israelita Albert Einstein. Ele foi um dos especialistas que participou do workshop sobre rastreabilidade de medicamentos promovido pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) em São Paulo.

A legislação prevê que sejam comunicadas à Anvisa todas as etapas relacionadas ao processo de movimentação dos produtos: desde a produção pelo fabricante, passando pelo transporte e distribuição até a chegada ao hospital ou farmácia e ao consumo feito por parte do paciente – quando realizado no hospital. 

Um dos pontos destacado por Malta para garantir a veracidade dos produtos é verificar se não há irregularidades com a empresa que transporta os medicamentos. “Outra grande preocupação é fazer com que os softwares estejam interligados e aptos a comunicar corretamente os eventos que precisam ser reportados de acordo com a lei”, explicou. 

A Anvisa e a Universidade de São Paulo (USP) estão desenvolvendo uma plataforma voltada para os hospitais que deve estabelecer conexão direta com o Sistema Nacional de Controle de Medicamentos (SNCM). Por meio dele, será possível comunicar qualquer ocorrência com o produto desde o fabricante até o deslacre e consumo pelo paciente no hospital. 

“O mercado de medicamentos falsos já movimentou R$ 30 bilhões e é importante o uso de uma ferramenta para o consumidor verificar se o medicamento consumido no hospital é de qualidade”, afirmou o pesquisador da Poli-USP, Vidal Zapparoli. O protótipo terá uma interface web para cadastro de apresentação de medicamentos, visualização dos dados imputados, além do cadastro de membros que utilizarão a plataforma.

Leia a cobertura completa do workshop da Anahp sobre rastreabilidade de medicamentos na edição nº 72 da revista Panorama. Clique aqui para baixar gratuitamente.

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