Cânceres de cabeça e pescoço: diagnóstico precoce aumenta chances de cura

Principais fatores de risco são o tabagismo e o alcoolismo. Aos primeiros sintomas, não espere a pandemia passar – procure um médico

Os chamados “cânceres de cabeça e pescoço” são tumores malignos na boca, no seios paranasais, no nariz ou na garganta, que podem começar silenciosamente antes de causar incômodos. Em caso de alterações nessas regiões, que às vezes podem ser confundidas com uma simples infecção de garganta, é preciso buscar orientação médica o quanto antes, mesmo em tempos de pandemia.

Alguns sinais de alerta: alterações de cor na boca, aftas persistentes, feridas nos lábios que não cicatrizam, rouquidão que não passa, nódulos no pescoço, dificuldade para engolir e mudança no timbre da voz.

O aposentado José Afonso Ramos, de 56 anos, travou uma das maiores batalhas de sua vida quando descobriu em 2018 um tumor de cabeça e pescoço, localizado abaixo da língua. Ele começou a sentir dores na língua, na garganta e no ouvido e achou que estava com infecções comuns nesta região. “Eu tinha a sensação de que algo me arranhava na garganta. Minha língua doía, mas não dei muita atenção no primeiro momento. Comecei a me automedicar”, lembra.

Segundo a filha de José Afonso, Geiciane Ramos, depois de mais de um mês de consumo de remédios que não contribuíram para a melhora do pai, o aposentado procurou por um dentista. “A língua dele começou a sangrar e aí começamos a nos preocupar. Nós os levamos a um dentista que fez o pedido da biópsia imediatamente.” Após a biópsia, ele foi encaminhado para o tratamento no Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga, Minas Gerais.

Ex-tabagista e adepto do consumo de álcool, o aposentado José Ramos fazia parte do grupo de risco para a doença, e entrou para o grupo das mais de 43 mil pessoas que são diagnosticadas com câncer de cabeça e pescoço no Brasil, de acordo com levantamento do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Está entre os mais frequentes na população brasileira, e representa o segundo tipo de doença com maior incidência na população masculina e o quinto mais comum em mulheres.

De acordo com o cirurgião de cabeça e pescoço da Fundação São Francisco Xavier, Clineu Gaspar Hernandes Júnior, os tumores de cabeça e pescoço são localizados nas vias aerodigestivas superiores e nas glândulas salivares ou glândulas endócrinas. “Os principais locais desse tipo de câncer são a língua, lábios, gengiva, glândulas salivares como a parótida e submandibular, as amigdalas, a laringe, a tireoide, os seios paranasais e a faringe, sendo que a faringe divide em nasofaringe, porofaringe e hipofaringe”, explica.

Segundo o cirurgião, o câncer de pele também pode estar associado a essa região. “Esse tipo de câncer em cabeça e pescoço representa 60% de todos os cânceres de pele do corpo por ser uma área muito exposta ao sol”, explica.
O médico explica que os principais sinais e sintomas do câncer de cabeça e pescoço são feridas no corpo ou na boca que não cicatrizam, manchas vermelhas ou esbranquiçadas na boca, rouquidão maior que duas semanas, dificuldades ou dor para engolir, caroço no pescoço, irritação ou dor de garganta, mau hálito frequente, perda de peso sem motivo aparente, dentes moles ou com dor em torno deles. E, segundo ele, os principais fatores de risco são o tabagismo e o alcoolismo. Outro fator de risco para o câncer de orofaringe, é o HPV, conhecido como papiloma vírus.
O tratamento do câncer de cabeça e pescoço, segundo o médico, envolve geralmente a cirurgia, quimioterapia e radioterapia, sendo a ordem desses tratamentos dependente do tipo e localização do tumor. “A chance de cura está diretamente relacionada ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado. Então, naqueles tumores iniciais as chances de cura são bem altas, entre 90% e 95%”.
Fonte: edição do texto original do Hospital Márcio Cunha.

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