Campanha multivacinação busca retomar altas coberturas e frear a volta de doenças erradicadas no Brasil

Com a meta de reconquistar as altas coberturas vacinais – sobretudo em crianças e adolescentes de até 15 anos – e conter o risco de ressurgimento de doenças antes erradicadas no país, como a poliomielite, o Ministério da Saúde lançou neste mês a campanha de nacional de multivacinação.

A ação “reforça a segurança dos imunizantes e a importância de manter a carteirinha de vacinação atualizada” e mobiliza entidades civis, científicas, influenciadores, artistas e instituições ligadas ao tema. Xuxa e Zé Gotinha estrelam o vídeo oficial, exibido em TV aberta, nas redes sociais e em pontos de grande circulação.

Estão disponíveis vacinas contra doenças que estão voltando, como:

  • poliomielite;
  • sarampo;
  • rubéola;
  • caxumba;
  • varicela;
  • difteria;
  • e coqueluche.

“O nosso país era o mais respeitado do mundo quando se falava em vacinação. Mas, com a queda das coberturas vacinais nos últimos anos, nós temos, infelizmente, o risco de reintrodução de doenças que estavam eliminadas no Brasil. Por isso, precisamos proteger as nossas crianças e os nossos adolescentes”, afirmou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, no lançamento da campanha. “Temos uma responsabilidade fundamental, algo definido no estatuto da criança e do adolescente como um direito. O direito à vacina é o direito à proteção, é o direito à vida que não pode ser negado.”

A médica Heloisa Ihle Garcia Giamberardino, pediatra do Hospital Pequeno Príncipe e responsável pelo Centro de Vacinas Pequeno Príncipe, acredita que esse “alerta à sociedade” é fundamental para que pais e/ou responsáveis fiquem atentos e verifiquem a carteira vacinal, que muitas vezes acaba esquecida. Segundo ela, “há doenças que estavam num nível controlado, mas agora estão reemergindo”.

E para ter novamente esse controle, é necessário a cobertura vacinal chegue a 95% da população. “Isso porque, se houver 5% da população suscetível, esse número não é suficiente para ocorrer uma grande disseminação”, explica a médica. “Com um percentual representativo de pessoas protegidas por vacina, atinge-se o que nós chamamos de proteção de rebanho ou de grupo. Nós não tomamos vacina só para autoproteção individual, mas também pelos outros.”

No site do Instituto Butantan, há uma lista de quatro consequências graves que a baixa imunização infantil pode causar:

  • retorno de doenças erradicadas;
  • crianças mais expostas a doenças;
  • mais vetores de transmissão e novas variantes;
  • e aumento de outras doenças (o exemplo citado é o câncer cervical, causado pelo HPV).

Saiba quais são as vacinas disponíveis na campanha nacional:

  • BCG
  • Hepatite A e Hepatite B
  • Penta (DTP/Hib/Hep. B)
  • Pneumocócica 10-valente
  • Vacina Inativada Poliomielite (VIP)
  • Vacina Oral Poliomielite (VOP)
  • Vacina Rotavírus Humano (VRH)
  • Meningocócica C (conjugada)
  • Febre amarela
  • Tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba)
  • DTP (tríplice bacteriana)
  • Varicela
  • HPV quadrivalente
  • dT (dupla adulto)
  • dTpa (DTP adulto)
  • Menigocócica ACWY

O perigo de não vacinar

A queda da cobertura vacinal nos últimos anos levou à escolha dos estados do Amazonas, Acre e Amapá como prioritárias na campanha de multivacinação, que começou já no primeiro semestre deste ano. “O alerta se deu pelo risco de reintrodução da poliomielite, doença que foi notificada em março deste ano no Peru, em região de fronteira. Desde 2016, o Brasil consta na lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) como local de risco muito alto para a reintrodução da doença.”

Giamberardino conta que a doença pode acometer qualquer faixa etária, mas é mais comum até os 5 anos de idade. “Crianças menores ainda não adquiriram hábitos corretos de higiene e, como a transmissão é via fecal-oral, acabam ficando mais expostas”, explica a pediatra. “Além disso, a água contaminada e alimentos contaminados por esta água também podem causar transmissão, e o período de transmissão pode ser muito longo, até 4 semanas aproximadamente.”

Além do Acre, Amapá e Amazonas, até agora, já foram iniciadas campanhas multivacinação nos seguintes locais (em ordem alfabética):

  • Distrito Federal (vai até 9 de setembro)
  • Espírito Santo (vai até 16 de setembro)
  • Maranhão (vai até 26 de agosto)
  • Pará (vai até 26 de agosto)
  • Rio de Janeiro (vai até 15 de setembro)
  • Roraima (vai até 26 de agosto)

O calendário completo deverá ser divulgado no seguinte endereço: https://www.gov.br/saude/pt-br/campanhas-da-saude/2023/multivacinacao

Matérias
relacionadas