Brasileiros têm a saúde ameaçada pelo sedentarismo

Ana Claudia tem 32 anos e uma vida muito corrida. Ela se preocupa com a saúde e até paga academia, mas raramente consegue tempo para ir. Com os horários apertados entre muitas tarefas, ela acaba se alimentando mal e adiando consultas de rotina. O que Ana Claudia vai descobrir quando conseguir tempo para fazer seus exames é que os impactos já estão acontecendo na sua saúde: uma pré-diabetes e alterações no colesterol.

Ana Claudia é um personagem fictício, mas sua história representa a realidade de muitos brasileiros e brasileiras. Uma pesquisa inédita realizada pelo PoderData a pedido da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) revelou que, apesar de ter a saúde entre suas prioridades, a grande maioria dos brasileiros não faz nenhuma atividade para prevenir doenças – como exercícios físicos regulares, alimentação balanceada e consultas de rotina para acompanhamento médico.

Segundo a pesquisa, entre os usuários do SUS, 71% não faz atividades voltadas à prevenção e promoção de cuidados. Entre as pessoas que têm plano de saúde, o número é ainda maior, 85% – sendo as mulheres e os jovens os menos envolvidos nessas iniciativas.

“É necessário que os governos tenham um olhar muito específico para a saúde preventiva, pois os resultados mostrados na pesquisa terão um impacto nos sistemas de saúde ao longo do tempo”, afirma Rodolfo Costa Pinto, diretor do PoderData. No médio e longo prazos, a falta de ações preventivas pode resultar numa “epidemia” de doenças crônicas na população.

E os impactos na sua saúde?
André Gasparotto, cardiologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, afirma que os números da pesquisa se refletem no dia a dia do consultório. “O sedentarismo está diretamente relacionado ao maior ganho de peso, à hipertensão arterial, ao diabetes mellitus e aos distúrbios relacionados ao colesterol. É um fator de risco cardiovascular de extrema relevância, seja na geração de outros fatores ou no agravamento destes”, explica.

Segundo o especialista, as pessoas sedentárias tendem a fazer acompanhamento médico menos regular, e os que são tabagistas também tendem a fumar mais. “Ou seja, o sedentarismo precisa ser combatido como uma doença no sentido mais amplo sobre tratamento”, afirma Gasparotto.

Reverter essa realidade exige só um pouco de dedicação a si mesmo. A recomendação é que as pessoas realizem pelo menos 150 minutos de atividade física regular por semana – ou seja, menos de uma hora dedicada a esse tipo de atividade em três dias da semana. Gasparotto destaca que o ideal é passar por avaliação médica antes de começar.

“Além disso, manter uma alimentação balanceada, pobre em carboidratos e gorduras e rica em proteínas, auxilia muito para o controle de fatores de risco cardiovascular e, naqueles com doenças já estabelecidas, auxilia para que seja necessário menos medicamentos para o controle da mesma”, complementa o cardiologista.

Como foi feita a pesquisa

A pesquisa “O que pensam os brasileiros sobre a saúde no Brasil?” foi realizada entre os dias 1º e 8 de abril de 2022. Foram entrevistadas 3.056 pessoas acima de 16 anos em 388 municípios nas 27 unidades da Federação – sendo que 83% são usuários do SUS, e 17%, da saúde suplementar, mesmos percentuais do universo pesquisado.

A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%. O resultado da pesquisa será encaminhado pela Anahp aos candidatos a cargos políticos nas eleições deste ano.

Confira esses e outros resultados aqui.

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