A importância dos bancos de leite humano

O leite materno é o alimento mais completo que existe para os bebês, fornecendo tudo o que eles precisam nos seis primeiros meses de vida. Além de ajudar no crescimento e desenvolvimento saudável, os pequenos ficam protegidos nutricionalmente contra uma série de doenças, principalmente os que são prematuros ou apresentam baixo peso.

Porém, é justamente nesses casos que o aleitamento materno muitas vezes pode ficar comprometido. “Quando falamos de bebês prematuros, a mãe está exposta a outros estresses e pode não produzir toda a quantidade que o recém-nascido necessita”, explica Fernanda Dalle Laste, nutricionista técnica responsável pelo Banco de Leite AMA Tacchini, do Hospital Tacchini, no Rio Grande do Sul.

A doação de leite humano pode fazer toda a diferença na saúde e na vida desses bebês. Para ampliar as chances de recuperação de prematuros ou de baixo peso, em 1998 foi criada a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH-BR), uma iniciativa do Ministério da Saúde realizada por meio do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). Atualmente, existem mais de 220 bancos de leite e mais de 200 postos de coleta espalhados pelo país.

A nutricionista explica que, além de coletar leite materno, os bancos fazem também a pasteurização e o controle de qualidade antes de distribuí-lo. “Com o processo de pasteurização, o leite cru (que só pode ser oferecido por até 15 dias, caso tenha sido congelado) passa a ter validade de seis meses”, explica.

Para quem vai o leite doado

O leite dos bancos é destinado principalmente a prematuros (nascidos com menos de 37 semanas de gestação), que precisam do alimento para ter uma boa recuperação. Normalmente, eles ficam internados nas Unidades de Terapias Intensiva Neonatais dos hospitais (UTIs Neonatais), o que impossibilita ou dificulta a amamentação. Sendo assim, esses bebês recebem o leite humano – que pode ter sido doado pela própria mãe e por outras doadoras, o que ajuda na melhora clínica e até na redução no tempo de internação.

Esse leite também pode ser ofertado para bebês de baixo peso e que não podem ser amamentados pelas mães (caso, por exemplo, de mulheres com HIV ou HTLV, em tratamento com quimioterapia ou usuárias de drogas ilícitas), mas somente enquanto ainda estiverem internados no hospital. A distribuição acontece apenas intra-hospitalar, já que não há estoque suficiente para doar aos bebês que já receberam alta – à medida que o recém-nascido se desenvolve, há necessidade de um volume de leite cada vez maior.

Quem pode doar?

Qualquer lactante com leite excedente pode doar, ainda que não seja em grande quantidade – um litro de leite materno pode alimentar até dez recém-nascidos por dia. Basta localizar aqui o banco mais próximo – em muitos deles, é possível fazer o agendamento para coleta em casa. A saúde da doadora será avaliada previamente, e há restrições para fumantes e mulheres com comorbidades graves.

Como coletar o leite para doação

O leite humano deve ser conservado em um recipiente de vidro com tampa plástica, previamente higienizado com água quente e detergente neutro. Depois, o frasco deve ser fervido em água quente por 15 minutos e secar naturalmente, posicionado em cima de um pano limpo e seco, com a abertura virada para baixo. É comum que os bancos de leite também disponibilizem frascos doados já esterilizados.

É recomendado que se use uma máscara cobrindo boca e nariz no momento em que estiver extraindo o leite.

Depois de coletado, o leite deve ser armazenado no freezer. No frasco, coloque o nome, a data e o horário em que manuseou o recipiente (essa será a informação usada para controle da validade).

Vale destacar que a doação direta para um bebê específico, como um parente ou filho de uma amiga, é contraindicado pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa prática, chamada de amamentação cruzada, oferece riscos ao bebê e pode causar a transmissão de doenças infectocontagiosas.

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