Aumento de mortes causadas por tuberculose acendem sinal de alerta: saiba como prevenir

Tosse persistente por mais de três semanas, febre, suores noturnos, perda de peso inexplicada e fraqueza geral. Estes são os sintomas mais comuns da tuberculose, uma doença infecciosa e curável, mas que ainda causa mortes em número crescente no Brasil. A evolução do coeficiente de mortalidade (casos de óbitos a cada 100 mil habitantes) é preocupante. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2022, a taxa foi de 2,74 – o que representa 5.845 óbitos no ano, tendo sido o indicador mais alto desde 2008.

A meta do Governo Federal é diminuir para menos de 230 registros de óbitos anuais causados pela doença até 2030, de acordo com o que foi definido pelo Comitê Interministerial para Eliminação da Tuberculose e de Outras Doenças Socialmente Determinadas. No entanto, dados preliminares obtidos pelo portal de notícias Jota (que ainda podem passar por correção) apontam 5.935 óbitos relacionados à doença em 2023. É a maior marca em uma década.

O aumento reflete um quadro preocupante para a saúde pública brasileira, indicando a necessidade de reforçar as políticas de prevenção, diagnóstico e tratamento da tuberculose. 

De acordo com o Ministério da Saúde, em 2022, a tuberculose foi a segunda principal causa de morte associada a um único agente infeccioso, ficando atrás apenas do vírus da Covid-19. 

O Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde divulgado em março deste ano mostra ainda outro problema: a exposição à doença pelas pessoas mais vulneráveis. Entre as populações em situação de vulnerabilidade, a coinfecção tuberculose e HIV, o vírus causador da aids, passou de 8,6%, em 2022, para  9,3%, em 2023. A partir de 2021, com exceção da população carcerária, houve uma elevação do número de pessoas com tuberculose pertencentes a algum grupo em situação de vulnerabilidade. O maior aumento ocorreu entre a população em situação de rua.

Teste molecular e BCG

Desde 2014, o Brasil tem implementado de forma gradual o teste molecular rápido para tuberculose no Sistema Único de Saúde (SUS). Esta medida, segundo um artigo publicado em agosto de 2023 no periódico Lancet Regional Health – Americas, tem se mostrado uma estratégia acertada para a saúde pública. O estudo mostrou que o uso crescente do teste aumentou em 63% as notificações de casos de tuberculose resistente no país em um período de seis anos.

O teste molecular rápido detecta a presença do Mycobacterium tuberculosis em amostras de escarro em até 48 horas. Além de ser usado à beira do leito, o teste também é capaz de detectar resistência bacteriana, o que é crucial para o tratamento adequado dos pacientes.

Além disso, medidas preventivas como a vacinação com BCG, especialmente em crianças, a melhoria das condições de vida e a promoção de ambientes saudáveis são fundamentais para reduzir a incidência da tuberculose. 

Para enfrentar a tuberculose, a população deve estar informada sobre os sintomas da doença e as ações a serem tomadas caso percebam sinais de infecção. Tosse persistente por mais de três semanas, febre, suores noturnos, perda de peso inexplicada e fraqueza geral. É importante que qualquer pessoa que apresente esses sintomas procure imediatamente atendimento médico para um diagnóstico adequado.

Mais verba pública para combater a doença

Ao Saúde da Saúde, o ministério afirma que a pandemia de Covid-19 prejudicou a detecção e acompanhamento de casos de tuberculose no Brasil e no mundo, dificultando o cumprimento das metas de eliminação da doença. A pasta informa que a doença recebe atenção de programas especiais do governo. “Para atingir a meta de reduzir o número de mortes por tuberculose para menos de 230 até 2030, o Plano Nacional ‘Brasil Livre da Tuberculose’ (2021-2025) está integrando novas tecnologias para prevenção, diagnóstico e tratamento”, esclarece, em nota.  

O Ministério explica que o financiamento das ações de combate à tuberculose cresceu. “A recente inclusão da tuberculose na Política de Incentivo às Ações de Vigilância, Prevenção e Controle de HIV/aids, Hepatites Virais e IST, permitirá maior apoio financeiro aos estados e municípios. Dos R$ 300 milhões destinados ao programa, R$ 100 milhões são inéditos para tuberculose, com foco na ampliação da testagem para a doença, busca ativa de diagnóstico e aumento do tratamento preventivo para pessoas com maior risco de adoecimento”, afirma.

Os resultados da adoção do teste rápido já são sentidos. “Desde a implantação do Teste Rápido Molecular para Tuberculose (TRM-TB) em 2013, o acesso ao diagnóstico aumentou significativamente. Em 2023, foram realizados 645.907 testes, representando um aumento de 19,46% em relação a 2022 e de 58,5% em relação a 2021”, diz o ministério.

Para enfrentar a tuberculose, a informação é a primeira medida. Saber quais são os sintomas da doença e as ações a serem tomadas em caso de sinais de infecção é fundamental para combater essa doença. Vale repetir: Tosse persistente por mais de três semanas, febre, suores noturnos, perda de peso inexplicada e fraqueza geral. Esses são os sintomas.

Se eles aparecerem, é importante procurar imediatamente o atendimento médico para um diagnóstico adequado e, em caso de confirmação, seguir o tratamento conforme prescrito até o final. Se todos seguirem essas dicas, é possível vencer a tuberculose de uma vez por todas.

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