Anemia: saiba quais são as causas, os fatores de risco e como prevenir a doença

Causada sobretudo por deficiência de nutrientes no organismo – em especial, o ferro –, a anemia tem como principal fator de prevenção uma alimentação saudável, variada e rica em vitaminas. Uma das principais recomendações para evitar a doença, que tem como sintoma mais usual uma sensação de cansaço generalizado, é o tradicional “faça um prato colorido” (ela consta, inclusive, do “Guia Alimentar” do Ministério da Saúde).

Abaixo neste conteúdo, você vai encontrar respostas para as seguintes perguntas:

  • Quais os principais sintomas da anemia?
  • Quais são os fatores de risco da anemia?
  • Como se prevenir contra anemia?
  • Que alimentos ingerir para prevenir anemia?
  • Como é feito o diagnóstico da anemia?
  • Qual é o tratamento para anemia?
  • Quais as consequências da anemia?
  • Quais são os tipos de anemia?

O médico hematologista Marcos Aurélio Mergh Murer, do Hospital Márcio Cunha (HMC), explica o que é a anemia: “É uma doença hematológica causada por uma redução da quantidade de hemoglobina, um pigmento que transporta o oxigênio e está dentro das hemácias, as células vermelhas do sangue”.

A hemoglobina transporta o oxigênio absorvido pelos pulmões para todas as células e tecidos do organismo. Portanto, quando há baixa de hemoglobina, diversas funções do corpo humano ficam comprometidas, especialmente músculos, coração e sistema nervoso central.

Embora 90% dos quadros de anemia sejam do tipo ferropriva (justamente por falta de ferro), a condição pode ter relação com carência de outros nutrientes essenciais, como zinco, vitamina B12 e proteínas. O quadro também pode surgir em função de perda de sangue em grande quantidade, por exemplo.

Calcula-se que, no Brasil, até 50% da população tenha carência de ferro, sobretudo em grupos com menor renda.

A seguir, veja respostas para às principais dúvidas sobre anemia:

  • Quais são os tipos de anemia?

Além dos casos decorrentes de deficiência de nutrientes, há os tipos provocados tanto por enfermidades, como anemia falciforme, anemia aplástica e talassemia, quanto por doenças crônicas renais, hepáticas, reumatológicas e da medula óssea.

  • Quais os principais sintomas da anemia?

O hematologista explica que “o principal sintoma é cansaço físico para fazer tarefas que, no dia a dia, seriam executadas de uma forma normal, sem esforço intenso”. Ainda segundo o médico, esses sinais estão relacionados à baixa oxigenação do sangue.

O Ministério da Saúde lista, além do cansaço, os seguintes sintomas da anemia ferropriva: “falta de apetite, palidez de pele e mucosas (parte interna do olho, gengivas), menor disposição para o trabalho, dificuldade de aprendizagem e apatia nas crianças (quando ficam muito ‘paradas’)”.

  • Quais são os fatores de risco da anemia?

Os mais importantes estão relacionados a uma alimentação irregular e a perdas de sangue, sobretudo em mulheres em idade fértil e com um fluxo menstrual excessivo, duradouro e volumoso. Nesse último caso, a recomendação é procurar atendimento ginecológico.

Mas, em geral, as pessoas afetadas pela doença são aquelas que têm uma ingestão alimentar ruim, com déficit de nutrientes necessários presentes em alimentos como verduras, frutas e legumes. O que pode acontecer por falta de acesso, falta de informação ou descuido.

Os grupos considerados de risco para a anemia incluem gestantes ou mulheres em fase de amamentação, crianças e adolescentes em fase de crescimento, idosos com restrições alimentares, pacientes bariátricos e pacientes com doenças crônicas ou enfermidades que causam perda sanguínea.

  • Como se prevenir contra anemia?

“As principais formas de prevenção são alimentação saudável e consultas médicas periódicas”, recomenda Murer. Mas ele dá uma dica: comer, no mínimo cinco cores diferentes de alimentos por dia, já que a coloração tem relação com o conteúdo de pigmentos e de vitaminas.

  • Que alimentos ingerir para prevenir anemia?

A hematologista Elisa Gomes, do HMC, explica que o ferro “é um mineral presente em carnes e legumes, que atua na formação das hemácias e no transporte do oxigênio”. “A cor vermelha do sangue, aliás, é resultado da reação química que ocorre entre o oxigênio e o ferro presentes na hemoglobina.”

De acordo com o Ministério da Saúde, o ferro de origem animal tem melhor aproveitamento pelo organismo. Entre as fontes do nutriente, estão carnes vermelhas (em especial, fígado e vísceras, como rim e coração), aves e peixes. E há um alerta: “Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o leite e o ovo não são fontes importantes de ferro” – à exceção dos tipos enriquecidos.

Já entre vegetais, estão os “folhosos verde-escuros (exceto espinafre), como agrião, couve, cheiro-verde, taioba; as leguminosas (feijões, fava, grão-de-bico, ervilha, lentilha); grãos integrais ou enriquecidos; nozes e castanhas, melado de cana, rapadura, açúcar mascavo”.

Thaynara Couto, nutricionista no HMC, acrescenta que é essencial lembrar de ingerir, na mesma refeição, fontes de vitamina C, como limão, laranja, acerola, abacaxi e mexerica, pois ajudam na absorção do ferro. “Ainda vale comer frutas secas, como ameixa e uva-passa, e evitar chás, refrigerantes, café, álcool, leite e derivados próximo ao horário da ingestão de alimentos ricos em ferro, pois diminuem a absorção intestinal do nutriente.”

  • Como é feito o diagnóstico da anemia?

Principalmente por meio de um hemograma, que é um exame laboratorial que fornece informações sobre a característica, a quantidade e a funcionalidade das células sanguíneas: as hemácias (células vermelhas); as plaquetas (responsáveis pela coagulação); e os leucócitos (células brancas). Há casos em que são necessários exames complementares da medula.

  • Qual é o tratamento para anemia?

A maior parte dos casos é tratada com uma correção da rotina alimentar e, quando necessário, suplementação. A dieta mais adequada varia conforme cada quadro de anemia.

“O tratamento está relacionado ao diagnóstico correto. Nem todas as anemias são tratadas com suplementação de vitaminas, o que é comumente observado nos consultórios médicos”, diz Marcos Aurélio Mergh Murer. “Muitas vezes, o paciente que chega ao hematologista está usando medicamentos de forma inadequada, por causa de um diagnóstico equivocado da anemia.”

De acordo com o hematologista, diferentes tipos de anemia requerem diferentes tipos de medicamentos. “Como a maior incidência e prevalência é o grupo das anemias por carência de vitaminas, especificamente por carência de ferro, uma das principais formas de tratamento é a reposição de sais de ferro por via oral ou intravenosa.”

  • Quais as consequências da anemia?

O site do Ministério da Saúde cita: “diminuição da produtividade no trabalho, diminuição da capacidade de aprendizado, retardamento do crescimento, apatia (morbidez), perda significativa de habilidade cognitiva, baixo peso ao nascer e mortalidade perinatal [período que começa na 22ª semana de gestação e termina sete dias após o nascimento]”. Além disso, segundo dados do Minstério, a anemia pode ser a causa primária de uma entre cinco mortes de parturientes ou estar associada a até 50% das mortes.”

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