Alta hospitalar: o papel do paciente para uma recuperação plena

Quem passa por uma cirurgia vivencia a alta hospitalar com alívio por ter vencido uma importante etapa de atenção à saúde. Mas ainda há cuidados que precisam ser seguidos, e o paciente é o principal protagonista desta história.

Germana Hunes, gerente médica da Clínica São Vicente, da Rede D’Or, explica que as principais recomendações após a alta hospitalar incluem cuidados com a ferida cirúrgica para evitar infecção, tomar corretamente os medicamentos prescritos, manter uma alimentação adequada para auxiliar na recuperação do corpo e praticar atividades físicas leves e progressivas conforme a orientação médica.

Esses cuidados são cruciais para a evolução fora do hospital. Adesão e disciplina são importantes para o sucesso da recuperação, de acordo com Germana – sempre observando se há sinais de alerta, como febre persistente, dificuldade respiratória ou dor intensa. Nestes casos, é importante buscar orientação médica.

Saúde sob observação, mesmo em casa

A equipe médica e de enfermagem começa a orientar o paciente sobre os cuidados pós-alta hospitalar ainda durante a internação, explica Germana, deixando também instruções por escrito para levar para casa após a alta.

Outro procedimento comum a alguns hospitais é entrar em contato com os pacientes na marca dos 30 e 90 dias da alta hospitalar. “O objetivo desse acompanhamento é identificar possíveis complicações relacionadas a infecções que tenham ocorrido na sala de cirurgia, permitindo revisar processos e adotar as melhores práticas assistenciais”, afirma a médica.

Essa atenção aos processos é um ponto importante para os hospitais – tanto que o acompanhamento após a alta hospitalar faz parte dos indicadores do Programa de Desfechos Clínicos, desenvolvido em 2016 pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp).

O programa tem questionários padronizados que levam à obtenção de indicadores voltados a cada condição de saúde – como Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC), AVC, osteoartrite/osteoartrose de quadril e joelho, entre outros.

As perguntas são feitas a pacientes que aceitam participar da pesquisa. Eles são questionados sobre como está caminhando a cicatrização e se tiveram sintomas como dor, edema, calor local, entre outras questões.

Por isso, os cuidados pós-alta hospitalar são vistos como um trabalho conjunto entre equipe médica e pacientes, que são empoderados a tomar decisões sobre seu próprio tratamento, a monitorar o estado de saúde e a ajustar o estilo de vida a partir das orientações da equipe multidisciplinar.

Na Clínica São Vicente, por exemplo, o contato telefônico é feito com 100% dos pacientes elegíveis, afirma Germana; o percentual de sucesso tem uma média anual de 96%. “O monitoramento nos permite analisar os dados coletados e fazer intervenções eficazes, quando necessárias, em processos e treinamentos [internos]”, afirma Germana.

Ouvir o paciente no pós-alta contribuiu para que o hospital alterasse as formas de orientação, com informações mais claras e individualizadas aos pacientes. A prática também ajudou a prevenir infecções e tromboses por meio dos sintomas relatados pelos pacientes.

Com a atenção da equipe médica e a parceria com o paciente, essas melhorias tornam a recuperação mais eficiente e segura, além de proporcionar uma experiência mais confortável após a alta hospitalar.

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