Álcool, tabaco e HPV são as principais causas de câncer de cabeça e pescoço

Consumo de álcool, tabaco, Vírus do Papiloma Humano (HPV), falta de informação e diagnóstico tardio. Estas são as principais causas apontadas pelos especialistas para a incidência do câncer de cabeça e pescoço no Brasil. A necessidade de alertar a população sobre os riscos e a importância da prevenção levou à criação do Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, em 27 de julho.

O objetivo é lembrar que todos devem ficar atentos à doença, que pode se manifestar em alterações em gengivas, mucosa jugal (bochechas), palato duro (céu da boca), língua (principalmente as bordas) e assoalho (região embaixo da língua).  Qualquer lesão que dure mais de duas semanas e tenha causa desconhecida deve ser investigada.

“Atualmente a doença atinge 4% da população oncológica, ou seja, a cada 100 diagnósticos de câncer, 4 são de cabeça e pescoço. Ela ainda atinge predominantemente homens com mais de 50 anos, com histórico de tabagismo e alcoolismo, mas este cenário vem mudando de maneira perigosa, atingindo mulheres e jovens que também estão sendo mais afetados pela infecção por HPV”, afirma Hézio Jadir Fernandes Junior, coordenador de Oncologia do Hospital Leforte.

HPV

Apesar da população ainda não ter associado de maneira clara a relação entre o HPV e os tumores e de orofaringe (base da língua e amígdalas), também chamado de câncer de garganta, já existem pesquisas indicando a ligação e a incidência da doença, principalmente em público mais jovem, com idade entre 30 e 45 anos. O HPV possui mais de 100 tipos que atingem os seres humanos e infecta cerca de 80% da população sexualmente ativa.

Por isso, os órgãos governamentais e especialistas da área de saúde relatam a importância da vacinação antes da iniciação da vida sexual. De acordo com o Ministério da Saúde, a vacina contra o HPV previne 72% dos cânceres de orofaringe, 70% dos cânceres de colo do útero, 90% do câncer anal, 63% do câncer de pênis, 70% dos cânceres de vagina e 90% das verrugas genitais. Também protege contra o pré-câncer cervical em mulheres de 15 a 26 anos, associadas ao HPV 16/18.

No Brasil, o governo federal disponibiliza a vacina contra o HPV pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas com idade entre 9 e 14 anos, meninos de 11 a 14 anos, portadores de HIV e, também, pessoas transplantadas na faixa etária de 9 a 26 anos. Na rede privada, a vacina quadrivalente está disponível para meninas e mulheres de 9 a 45.

“Apesar disso, ainda há resistência em relação a esta vacina especificamente, mas acredito que seja algo momentâneo já que recentemente pesquisa conduzida pelo “Welcome Global Monitor”, em 140 países, revelou que cerca de 80% dos entrevistados no Brasil acreditam que as vacinas são seguras, índice próximo da média global”, destaca Jadir.

O impacto da vacinação na redução do HPV vem sendo apresentado em estudos. Nos EUA, dados mostram uma diminuição de 88% nas taxas de infecção oral por HPV. Na Austrália, a redução da prevalência de HPV foi de 22,7% (2005) para 1,5% (2015), entre mulheres de 18 a 24 anos.

Tratamentos

Tendo quase 60% dos casos com diagnóstico tardio, o câncer de cabeça e pescoço enfrenta baixos índices de recuperação. No caso de tumores de orofaringe, a taxa de sobrevida de 5 anos é de 50%. No entanto, pacientes com lesões iniciais, diagnóstico precoce e tratamento que pode variar de cirurgia, quimioterapia e/ou radioterapia podem obter a cura em quase 100% dos casos. Atualmente há também novas drogas imunoterápicas, já autorizadas pela Anvisa.

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