4 fatos sobre Covid-19 e vacinação em gestantes e puérperas

O início da vacinação contra Covid-19 gerou muitas dúvidas em gestantes e puérperas sobre os eventuais riscos de receber o imunizante. Como, por questões éticas, esse grupo não participa dos testes para a criação das vacinas, as informações científicas sobre segurança e efeitos adversos acabam sendo coletadas posteriormente.

Durante o Conahp 2021, a infectologista Rosana Richtmann (Hospital e Maternidade Santa Joana e Instituto Emílio Ribas) apresentou os dados mais recentes sobre a vacinação de gestantes contra Covid-19 e respondeu às principais dúvidas relacionadas a esse público. Confira:

Gestantes precisam se vacinar?  
Sim. É fundamental a vacinação em qualquer etapa da gestação, pois ajuda a evitar que essas mulheres, se contaminadas, desenvolvam casos mais graves da doença – o que, além dos riscos para a mãe, pode levar à prematuridade do bebê.

O que dizem os dados sobre a vacinação de gestantes e puérperas contra Covid-19? 
Segundo a infectologista, a resposta imune das gestantes se mostrou a mesma que a das demais mulheres, e a efetividade da vacina foi boa, resultando em menos casos de Covid-19 entre grávidas vacinadas.

Dados do Ministério da Saúde apresentados por Rosana mostram que a maioria dos efeitos adversos das vacinas ocorridos em gestantes não foram graves. Além disso, não houve registro de que as vacinas tenham causado abortos espontâneos, óbito fetal, prematuridade, anomalia congênita nem morte neonatal.

A especialista ressalta que as gestantes vacinadas apresentaram anticorpos protetores no sangue do cordão umbilical. Outra indicação é de que mulheres vacinadas nos primeiros 45 dias de puerpério apresentaram presença de anticorpos contra o coronavírus no leite materno.

Nos dois casos, Rosana ressalta que ainda estão em andamento estudos para medir quão eficazes e duradouros são os efeitos desses anticorpos na proteção do bebê.

Qual seria a vacina mais segura e eficiente para as gestantes? 
As vacinas de RNA mensageiro – como a da Pfizer – são as mais usadas no mundo em gestantes. “São as que julgo mais indicadas para esse grupo específico, tanto pela boa resposta quanto em relação à experiência e segurança: seja para a gestante, seja para o feto, seja para o recém-nascido.”

No Brasil, a Coronavac também é aplicada em gestantes nos locais onde a logística não permite a chegada e conservação das vacinas da Pfizer. Imunizante de vírus inativo, ela também não tem apresentado risco para esse grupo.

São contraindicadas as vacinas de vetor viral – como AstraZeneca e Janssen. Por questões de segurança, o governo brasileiro parou de aplicar vacinas da AstraZeneca em mulheres grávidas após a morte de uma gestante no Rio de Janeiro por síndrome trombocitopênica trombótica – único caso registrado no mundo relacionado à vacina, segundo Rosana Ritchmann.

Gestantes podem desenvolver casos mais graves de Covid-19? 
Sim, por isso a importância da vacinação. Apesar de não terem um maior risco de se infectar pelo coronavírus, as gestantes têm mais chances de desenvolver casos graves da doença – com necessidade de hospitalização, de uso de ventilação mecânica, de internação em UTI e, até mesmo, evolução para óbito. “Gestantes são um grupo de risco”, enfatiza a infectologista.

Segundo Rosana, a maioria dos óbitos por Covid-19 em gestantes no Brasil ocorreu no final da gestação. “Essa é uma informação importante, porque mostra que precisamos ter as gestantes totalmente vacinadas quando chegam ao terceiro trimestre”, diz.

A infectologista ressalta que a vacinação para as gestantes precisa ser universal, e não apenas para aquelas que apresentam algum fator de risco, como obesidade, diabetes e hipertensão. “Os dados no Brasil mostram que a maioria das gestantes que evoluíram para casos mais graves não tinham comorbidade.”

A palestra completa de Rosana Ritchmann no Conahp 2021 está disponível no canal da Anahp no YouTube. Acesse:

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