Visão multidisciplinar no Gerenciamento de Antibioticoterapia intrahospitalar

foto CafeSanofi a5bc1O Café da Manhã Anahp da última terça-feira, 01 de setembro, abordou o tema “Visão multidisciplinar no Gerenciamento de Antibioticoterapia intrahospitalar”. Organizado pela Anahp e Sanofi, o evento contou com a apresentação de José Ribamar Branco, Infectologista e Diretor Clínico do Hospital São Camilo – Santana (SP), e de Fernando Tavares Magalhães, Farmacêutico do mesmo hospital.

Na ocasião, os palestrantes discutiram o papel do farmacêutico, políticas institucionais para o uso de antibioterapia e profilática, interação com microbiologia e também ressaltaram a importância do programa assistencial Stewardship, que refere-se a implementar um programa multidisciplinar de grenciamento de uso adequado de  antibióticos no qual os hospitais podem criar um sistema confiável, que otimiza a seleção, dose e duração de agentes antimicrobianos para melhorar seus resultados.

Dr. Branco destacou que aproximadamente 50% dos antibióticos usados nos hospitais possuem algum tipo de inadequação. As causas mais comuns são a duração da terapia por mais tempo do que o necessário, aplicação de antibióticos em síndromes não bacterianas, tratamento de colonização ou contaminação, entre outras.

Para ele, a abordagem sistêmica para otimizar o uso de antibióticos nas instituições envolve uma participação mais incisiva de infectologistas e microbiologistas clínicos no processo de decisão do tratamento. Além disso, recomenda a criação de protocolos, como o Antibiotic Safety, focados exclusivamente nas melhores práticas para a administração de antibióticos nos hospitais.

“Remédios para quimioterapia só podem ser prescritos por oncologistas, psiquiátricos por psiquiatras, mas antibióticos qualquer médico pode receitar. Por isso é tão fundamental a existência da Farmácia Clínica e do TDM (Therapeutic drug monitoring), construindo procedimentos que evitem falhas. Temos que mudar a percepção de que farmacêutico serve apenas para controlar a saída e entrada de medicamentos nos hospitais”, declarou.

Para exemplificar o desafio da equipe assistencial na escolha do melhor tratamento ao paciente, Dr. Branco afirmou que existem hoje cerca de 4 mil procedimentos, 6 mil tipos de medicamentos e mais de 13 mil opções diagnósticas.

“Gosto muito de uma frase de Atul Gawande, que diz: O fracasso da medicina é em grande parte devido à inépcia (falha em usar o conhecimento existente) em vez de ignorância (falta de conhecimento). Ou seja, a única forma de criarmos um sistema de Saúde mais eficiente é por meio do trabalho com equipes transdisciplinares. Abrir mão de nossa autonomia individualizada em prol do conhecimento em grupo”, disse.

Para Fernando, além de maior segurança ao paciente, o uso adequado de antibióticos leva também a uma efetividade maior do hospital, proporcionando grandes economias para a instituição e maior retorno sobre investimentos. Ele destacou sua própria experiência no Hospital São Camilo – Santana (SP), em que desde 2011 houve uma reestruturação do quadro de farmacêuticos.

“Dos 3 farmacêuticos existentes em 2011, passamos para 16 em 2014. Além disso, foi feito investimento em ensino e treinamento, verticalização da equipe in loco, participação dos farmacêuticos nas visitas multidisciplinares e nos grupos de melhoria de protocolos institucionais, maior contato com o corpo clínico, entre outros. Com isso, houve comprovado aumento da efetividade da intervenção farmacêutica no hospital, conforme demonstrou levantamento interno”, apontou.

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