Incorporar tecnologia e formar profissionais com novas competências são alguns dos principais desafios para a atividade
Seguindo o ciclo de encontros que, em junho, abordam temas relacionados aos desafios das lideranças em saúde, o penúltimo debate do Anahp Ao Vivo – Jornada Digital, que acontecei na última quinta-feira (20), reuniu quatro especialistas para uma conversa que trouxe reflexões sobre “Futuro da assistência x carreira da enfermagem”. Na visão dos debatedores, não apenas o avanço tecnológico traz impactos significativos para as funções e demandas dos enfermeiros, mas mudanças no cenário social e até mesmo ambiental também são fatores relevantes.
Renato Vieira, diretor-executivo de Desenvolvimento Médico, Técnico e Educação e Pesquisa da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, deu início ao debate destacando a importância de se conscientizar que há, de fato, mudanças na demanda da assistência e que os profissionais da área precisam aprender a lidar com o novo cenário que está surgindo. Como exemplos, citou, além da capacitação para os novos recursos tecnológicos, a tendência de crescimento nos índices de doenças transmitidas por vetores e tragédias devido às mudanças climáticas. “Essas forças estão moldando a nossa assistência e, seguramente, vão impactar na nossa atuação como profissionais da área de saúde”, pontuou.
Em seguida, Fátima Gerolin, diretora-executiva assistencial no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, apresentou bons números do Brasil tanto sobre a quantidade de enfermeiros na comparação com outras profissões – quarto colocada no ranking; quanto na proporção em relação à população. Mas destacou que, tem sido um desafio encontrar profissionais com todas as competências necessárias para a função. Além disso, Gerolin chamou a atenção para que as instituições olhem mais atentamente para as condições e carreiras desses profissionais que, segundo ela, podem representar mais da metade do quadro de colaboradores. “Os hospitais não são feitos (só) de paredes. A estrutura é importante, mas têm todas as pessoas que compõem aquela organização”.
Neidamar Fugaça, superintendente operacional dos hospitais Vita, reforçou a importância de se atentar às condições de trabalho dos enfermeiros, mas também falou sobre a relevância das novas ferramentas tecnológicas e da comunicação. Fugaça destacou a resolução do COFEN (696/2022) que já normatiza a telenfermagem e que, em cidades como Curitiba (PR), já há enfermeiros atuando em teleconsultas. E, embora tenha frisado que essas tecnologias não podem desumanizar o atendimento, sublinhando que “o cuidado da enfermagem é intrinsecamente humano”, demonstrou entusiasmo sobre as possibilidades que esse salto tecnológico oferece ao setor. “Será que a Inteligência Artificial já não pode nos trazer uma análise pronta dos dados que utilizamos para desenvolver e construir um indicador?”, provocou.
Nesse sentido, a moderadora da rodada concordou. Para Luana Gentil, gerente assistencial de Pacientes Internados no Hospital Israelita Albert Einstein, ainda há muito a ser percorrido, mas as novas tecnologias certamente podem melhorar o atendimento assistencial. “Acredito que a tecnologia vem justamente para dar mais tempo para o beira-leito, ou pelo menos deveria ser assim: dar mais agilidade, menos redundância e menos retrabalho”, finalizou.
Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais
O debate “Futuro da assistência x carreira da enfermagem” teve a participação de Fátima Gerolin, diretora-executiva assistencial no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Neidamar Fugaça, superintendente operacional dos hospitais Vita, e Renato Vieira, diretor-executivo de Desenvolvimento Médico, Técnico e Educação e Pesquisa da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. A moderação foi feita por Luana Gentil, gerente assistencial de Pacientes Internados no Hospital Israelita Albert Einstein.
Confira o debate na íntegra: