Terceiro dia do Conahp traz discussões sobre interoperabilidade e gestão de dados para melhorias no sistema de saúde

Com cases da Holanda, Alemanha e Brasil, especialistas discutem tema a partir de diferentes panoramas; evento instiga reflexão sobre a importância de uma infraestrutura integrada no setor

Em seu terceiro dia de evento, o Conahp 2022 trouxe nesta quarta-feira (9) um debate sobre o tema “Interoperabilidade E Gestão Eficiente De Dados Para O Ganho De Eficiência No Sistema De Saúde: Experiências Exitosas E Perspectivas Para O Brasil”.

Com a moderação de Caio Soares, presidente da Saúde Digital Brasil, a palestrante Janneke Timmerman, gerente de Programa na Health-RI, apresentou uma iniciativa desenvolvida na Holanda para facilitar uma infraestrutura integrada de dados na área da saúde a fim de compartilhar conhecimento com cidadãos, pesquisadores, profissionais e organizações.

A participante expôs ao público os desafios do projeto Health-RI, além de explicar como todo o trabalho de incentivo à interoperabilidade é desenvolvido nos países baixos. De início, a Heath-RI segue o projeto focando em regiões específicas do país, para que, a partir disso, possa expandir para um hub central, um portal nacional.

“Queremos desenvolver um marco de trabalho nacional pensando em questões jurídicas, a ideia é criar uma boa infraestrutura de dados ‘One-stop Shop’, um lugar único para se encontrar todas as soluções, todas as informações num centro de integração”, destacou.

Janneke também falou sobre os obstáculos técnicos, legais e éticos que os holandeses estão enfrentando para tornar o intercâmbio de dados funcional e enfatizou a necessidade de a comunidade europeia caminhar em conjunto para atingir inovações nesse sentido.

“Depois da criação desse portal, queremos entender ainda mais o nosso sistema de saúde. Queremos ter medicina de precisão, oferecer terapia ajustada para cada paciente, para cada caso específico. A medicina está ficando cara, é importante reduzir custos sem perder qualidade. E a utilização de dados de forma eficiente pode ajudar e trazer inovações para o setor”, enfatizou a gerente.

Após a apresentação, Ricardo Campos, diretor do Instituto LGPD, complementou com suas vivências na Alemanha e apontou o fato de a Europa estar caminhando na construção de um espaço comum de compartilhamento de dados, além de ressaltar como isso é importante para a área saúde.

“Cada vez que se utiliza dados de pacientes no setor de saúde, seja para diferentes finalidades, nós ainda temos como problema a falta de um sistema uniforme. Precisamos pensar desde farmácia, operadoras, até hospital. O mercado deve abordar um ecossistema, de diferentes pontos.”

O exemplo de prontuários médicos digitais na Alemanha e todas as práticas envolvidas fizeram parte da discussão. “Eles dependem de uma enorme quantidade de dados para produzir um resultado eficiente. Sem uma política focada em uma infraestrutura comum que consiga acumular um processamento grande de dados, é difícil alavancar essa tecnologia”, relatou Campos.

Ele também defendeu a importância de que diferentes sistemas informáticos sejam interoperáveis. Ou seja, que sejam aptos a funcionar com outros sistemas sem muitos esforços. Para, assim, ser benéfico para todos.

E para corroborar ainda mais com o tema, Rodrigo Gaete, arquiteto de Negócios da RNDS no DATASUS, trouxe o debate para as perspectivas do Brasil. “O Ministério da Saúde discute muito a saúde digital e como fazer todo o ecossistema funcionar. Como criar uma rede para conectar todos esses dados. No Brasil, estamos avançando nas discussões nos âmbitos nacional e regional. No DATASUS, somos também provocados sobre o âmbito internacional.”

Gaete trouxe as estratégias do plano de ação de saúde digital no Brasil de 2020 a 2028, explicando cada um dos pilares que estão sendo trabalhados. E salientou a realidade do país, que ainda tem como obstáculo a troca de informações entre instituições públicas e privadas. Na ocasião, o aplicativo ConecteSUS também foi um dos cases apresentados para a audiência.

O participante encerrou o momento destacando a relevância de as pautas relacionadas aos cuidados do cidadão em saúde serem discutidas, para que, assim, ocorram evoluções em interoperabilidade. “Que a gente possa olhar para um caminho colaborativo e integrado, um trabalho que evolua”, finalizou.

Compartilhe

Você também pode gostar: