Tecnologia é a maior aliada na entrega de valor na saúde

Conexão entre celulares, médicos, pacientes e equipamentos chegou a reduzir em 35% o índice de infartos em hospital de Chicago, nos EUA

Monitorar pacientes em tempo real mesmo que eles estejam em suas casas ou a caminho do hospital, receber dados e conseguir um diagnóstico que pode salvar vidas antes mesmo dele chegar à porta do pronto socorro. O cenário que parece distante e futurista já acontece em alguns hospitais gerando redução de custos de atendimento e aumentado o valor de entrega para pacientes.

O tema foi debatido pelo médico, vice-diretor geral e diretor de informações do centro médico da Rush University, que fica em Chicago, nos Estados Unidos, Shafiq Rab, durante o Conahp (Congresso Nacional de Hospitais Privados). O evento acontece até o dia 28 de novembro, no Expo Transamérica, em São Paulo, e tem a realização feita pela Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados).

Durante a palestra que teve o tema “Como a tecnologia tem sido utilizada no mundo para melhorar o engajamento e a experiência do paciente”, Rab foi enfático ao dizer que a tecnologia é a única salvação financeira e operacional do sistema de saúde privado. “A integração entre os equipamentos médicos e a conectividade da internet é essencial para saúde financeira das instituições e a saúde do paciente”, afirma o médico.

De fato, o que para pacientes brasileiros ainda parece uma realidade distante, já acontece no centro médico dirigido pelo médico. “O que fizemos foi usar a inteligência artificial para alimentar com dados dos pacientes nossos sistemas. A partir da tecnologia das coisas (IoT) aliada ao machine learning, conseguimos ter uma previsibilidade enorme sobre nossos pacientes antes mesmo deles apresentarem qualquer doença”, diz Rab.

O que acontece no processo é que o sistema de inteligência artificial cruza todas as informações e consegue por meio dessa conexão enviar alertas de nível de glicemia ou da obstrução de uma artéria com um potencial de infarto, por exemplo, antes até que o paciente tenha algum sintoma.

“Esse sistema, que é simples e utiliza um celular, uma câmera, a conectividade entre os equipamentos de monitoramento e o aplicativo fornecido pelo hospital, reduziu significativamente o acesso ao pronto socorro.

Conseguimos reduzir o índice de ataques cardíacos em 35% entre nossos pacientes monitorados. Além de entregar valor ao paciente, reduzimos o custo de atendimento na porta do hospital”, conta o médico.

Outro exemplo de aplicação do sistema vem de uma comunidade mais pobre da cidade de Chicago, na região sul da cidade. A implantação de monitoramento de pacientes em suas casas reduziu em 40% o atendimento no hospital, reduzindo também os custos desse atendimento. “Mas o melhor resultado foi engajar a comunidade e ganhar sua confiança. O resultado foi tão positivo que houve um movimento multiplicador, gerando novas iniciativas populares na criação de associações que contribuíram com a alimentação de dados do nosso sistema e grupos de ajuda mútua na prevenção de problemas de saúde”.

No Brasil, segundo o médico, o único impeditivo é temporário. Para que o sistema funcione, há a necessidade de conexões rápidas para o envio de exames e dados em tempo real, além da adaptação de equipamentos de exames para a conectividade (IoT). A previsão é que o sistema de 5G para celulares esteja implantado no país em cerca de seis meses.

“Com o 5G, conseguimos enviar ressonâncias magnéticas, por exemplo, de um médico para outro em segundos, eliminando a necessidade de pedidos desnecessários de exames. Todo o histórico do paciente está integrado. O que precisamos, além da tecnologia, é o engajamento colaborativo entre instituições governamentais, hospitais, médicos e pacientes, para que isso funcione”, finaliza.

Compartilhe

Você também pode gostar: