Painel inédito debate justiça climática e como soluções inovadoras podem reduzir desigualdades e promover maior equidade em saúde na região
Pelo terceiro ano consecutivo, o Einstein marca presença no South by Southwest (SXSW), um dos maiores festivais globais de inovação e tecnologia. Nesta edição, a organização liderou um painel inédito sobre a intersecção entre inteligência artificial, saúde e tecnologia na Amazônia, abordando como soluções inovadoras podem mitigar os impactos das mudanças climáticas na saúde da população da região e de outras partes do mundo.
O presidente do Einstein, Sidney Klajner, fez a mediação do painel que teve as presenças de Marcia Castro, professora de Demografia e diretora do Departamento de Saúde Global e População da Universidade de Harvard, e César Buenadicha, chefe da Divisão de Aceleração e Construção de Ecossistemas do IDB Lab.
“A Amazônia tem aproximadamente 28 milhões de habitantes, incluindo comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas, que estão entre as mais vulneráveis aos efeitos da crise climática”, afirma Sidney Klajner, presidente do Einstein. “No painel, apresentamos projetos de inovação do Einstein em conjunto com o Ministério da Saúde e outras organizações, como o BID e a Fundação Gates, que podem dar subsídios para o planejamento de políticas públicas para a proteção da saúde dessas populações, facilitar o diagnóstico de doenças tropicais ou levar acesso a médicos especialistas, escassos na região. O que queremos é inspirar outros países a desenvolverem inovações em prol do bem-estar de comunidades que passam por desafios semelhantes aos enfrentados no Brasil”, completa.
Um dos projetos apresentado é o VIGIAMBSI, desenvolvido em parceria com o Ministério da Saúde por meio do Proadi-Sus (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde). A iniciativa tem como objetivo criar uma plataforma para integrar dados de saneamento, qualidade da água e saúde das populações em 10 Distritos Indígenas.
O projeto atua em duas frentes principais: a criação de uma plataforma de dados, que envolve a revisão de protocolos de qualidade da água, a integração sistêmica de informações e a transferência de conhecimento sobre coleta e análise de dados; e a realização de análises moleculares, incluindo o monitoramento ambiental de águas e solos e a avaliação da saúde das comunidades indígenas em relação ao meio ambiente. Essas ações fornecerão subsídios para o planejamento de iniciativas em saúde e vigilância ambiental, possibilitando uma compreensão mais aprofundada das condições sanitárias dessas populações e a adoção de medidas preventivas eficazes.
Além disso, durante o painel, Márcia Castro abordou o uso de dados no controle de doenças endêmicas no Brasil, como a malária, destacando a plataforma MapBiomas e estudos sobre mutações da Covid-19. Também discutiu vigilância epidemiológica, telemedicina e drones para entrega de medicamentos na Amazônia, além de um sistema de alerta contra o garimpo ilegal.
Já César Buenadicha discutiu os desafios da saúde na Amazônia, evidenciando como as mudanças climáticas ampliam desigualdades. Ele apresentou soluções tecnológicas, como os dispositivos conectados a smartphones para exames oftalmológicos acessíveis.